terça-feira, 13 de outubro de 2009

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Treze reflexões sobre Polícia e Direitos Humanos

TREZE REFLEXÕES SOBRE POLÍCIA E DIREITOS HUMANOS
Ricardo Brisolla Balestreri


Durante muitos anos o tema “direitos humanos” foi considerado antagônico ao de Segurança Pública. Produto do autoritarismo vigente no país entre 1964 e 1984 e da manipulação, por ele, dos aparelhos policiais, esse velho paradigma maniqueísta cindiu sociedade e polícia, como se a última não fizesse parte da primeira.

Polícia, então, foi uma atividade caracterizada pelos segmentos progressistas da sociedade, de forma equivocadamente conceitual, como necessariamente afeta à repressão anti-democrática, à truculência, ao conservadorismo. “Direitos Humanos” como militância, na outra ponta, passaram a ser vistos como ideologicamente filiados à esquerda, durante toda a vigência da Guerra Fria (estranhamente, nos países do “socialismo real”, eram vistos como uma arma retórica e organizacional do capitalismo). No Brasil, em momento posterior da história, à partir da rearticulação democrática, agregou-se a seus ativistas a pecha de “defen-sores de bandidos” e da impunidade.

Evidentemente, ambas visões estão fortemente equivocadas e prejudicadas pelo preconceito.
Estamos há mais de um década construindo uma nova democracia e essa paralisia de paradigmas das “partes” (uma vez que assim ainda são vistas e assim se consideram), representa um forte impedimento à parceria para a edifi-cação de uma sociedade mais civilizada.

Aproximar a policia das ONGs que atuam com Direitos Humanos, e vice-versa, é tarefa impostergável para que possamos viver, a médio prazo, em uma nação que respire “cultura de cidadania”. Para que isso ocorra, é necessário que nós, lideranças do campo dos Direitos Humanos, desarmemos as “minas ideológicas” das quais nos cercamos, em um primeiro momento, justificável , para nos defendermos da polícia, e que agora nos impedem de aproximar-nos. O mesmo vale para a polícia.

Podemos aprender muito uns com os outros, ao atuarmos como agentes defensores da mesma democracia.

Nesse contexto, à partir de quase uma década de parceria no campo da educação para os direitos humanos junto à policiais e das coisas que vi e aprendi com a polícia, é que gostaria de tecer as singelas treze considerações a seguir:


CIDADANIA, DIMENSÃO PRIMEIRA

1ª - O policial é, antes de tudo um cidadão, e na cidadania deve nutrir sua razão de ser. Irmana-se, assim, a todos os membros da comunidade em direitos e deveres. Sua condição de cidadania é, portanto, condição primeira, tornando-se bizarra qualquer reflexão fundada sobre suposta dualidade ou antagonismo entre uma “sociedade civil” e outra “sociedade policial”. Essa afirmação é plenamente válida mesmo quando se trata da Polícia Militar, que é um serviço público realizado na perspectiva de uma sociedade única, da qual todos os segmentos estatais são derivados. Portanto não há, igualmente, uma “sociedade civil” e outra “sociedade militar”. A “lógica” da Guerra Fria, aliada aos “anos de chumbo”, no Brasil, é que se encarregou de solidificar esses equívocos, tentando transformar a polícia, de um serviço à cidadania, em ferramenta para enfrentamento do “inimigo interno”. Mesmo após o encerramento desses anos de paranóia, seqüelas ideológicas persistem indevidamente, obstaculizando, em algumas áreas, a elucidação da real função policial;


POLICIAL: CIDADÃO QUALIFICADO

2ª - O agente de segurança pública é, contudo, um cidadão qualificado: emblematiza o Estado, em seu contato mais imediato com a população. Sendo a autoridade mais comumente encontrada tem, portanto, a missão de ser uma espécie de “porta voz” popular do conjunto de autoridades das diversas áreas do poder. Além disso, porta a singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para sua devastação. O impacto sobre a vida de indivíduos e comunidades, exercido por esse cidadão qualificado é, pois, sempre um impacto extremado e simbolicamente referencial para o bem ou para o mal estar da sociedade;


POLICIAL: PEDAGOGO DA CIDADANIA

3ª - Há, assim, uma dimensão pedagógica no agir policial que, como em outras profissões de suporte público, antecede as próprias especificidades de sua especialidade.

Os paradigmas contemporâneos na área da educação nos obrigam a repensar o agente educacional de forma mais includente. No passado, esse papel estava reservado unicamente aos pais, professores e especialistas em educação. Hoje é preciso incluir com primazia no rol pedagógico também outras profissões irrecusavelmente formadoras de opinião: médicos, advogados, jornalistas e policiais, por exemplo.

O policial, assim, à luz desses paradigmas educacionais mais abrangentes, é um pleno e legitimo educador. Essa dimensão é inabdicável e reveste de profunda nobreza a função policial, quando conscientemente explicitada através de comportamentos e atitudes;


A IMPORTÂNCIA DA AUTO-ESTIMA
PESSOAL E INSTITUCIONAL

4ª - O reconhecimento dessa “dimensão pedagógica” é, seguramente, o caminho mais rápido e eficaz para a reconquista da abalada auto-estima policial. Note-se que os vínculos de respeito e solidariedade, a alo-estima, só podem constituir-se sobre uma boa base de auto-estima. A experiência primária do “querer-se bem” é fundamental para possibilitar o conhecimento de como chegar a “querer bem o outro”. Não podemos viver para fora o que não vivemos para dentro.

Em nível pessoal, é fundamental que o cidadão policial sinta-se motivado e orgulhoso de sua profissão. Isso só é alcançável à partir de um patamar de “sentido existencial”. Se a função policial for esvaziada desse sentido, transformando o homem e a mulher que a exercem em meros cumpridores de ordens sem um significado pessoalmente assumido como ideário, o resultado será uma auto-imagem denegrida e uma baixa auto-estima.

Resgatar, pois, o pedagogo que há em cada policial, é permitir a ressignificação da importância social da polícia, com a conseqüente consciência da nobreza e da dignidade dessa missão.

A elevação dos padrões de auto-estima pode ser o caminho mais seguro para uma boa prestação de serviços.

Só respeita o outro aquele que se dá respeito a si mesmo;


POLÍCIA E ‘SUPEREGO’ SOCIAL

5ª - Essa “dimensão pedagógica”, evidentemente, não se confunde com “dimensão demagógica” e, portanto, não exime a polícia de sua função técnica de intervir preventivamente no cotidiano e repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia nenhuma se sustenta sem a contenção do crime, sempre fundado sobre uma moralidade mal constituída e hedonista, resultante de uma complexidade causal que vai do social ao psicológico.

Assim como nas famílias é preciso, em “ocasiões extremas”, que o adulto sustente, sem vacilar, limites que possam balizar moralmente a conduta de crianças e jovens, também em nível macro é necessário que alguma instituição se encarregue da contenção da sociopatia.

A polícia é, portanto, uma espécie de superego social indispensável em culturas urbanas, complexas e de interesses conflitantes, contenedora do óbvio caos a que estaríamos expostos na absurda hipótese de sua inexistência. Possivelmente por isso não se conheça nenhuma sociedade contemporânea que não tenha assentamento, entre outros, no poder da polícia. Zelar, pois, diligentemente, pela segurança pública, pelo direito do cidadão de ir e vir, de não ser molestado, de não ser saqueado, de ter respeitada sua integridade física e moral, é dever da polícia, um compromisso com o rol mais básico dos direitos humanos que devem ser garantidos à imensa maioria de cidadãos honestos e trabalhadores.

Para isso é que a polícia recebe desses mesmos cidadãos a unção para o uso da força, quando necessário;


RIGOR VERSUS VIOLÊNCIA

6ª - O uso legítimo da força não se confunde, contudo, com truculência.

A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de policiais e criminosos;

POLICIAL VERSUS CRIMINOSO: METODOLOGIAS ANTAGÔNICAS

7ª - Dessa forma, mesmo ao reprimir, o policial oferece uma visualização pedagógica, ao antagonizar-se aos procedimentos do crime.

Em termos de inconsciente coletivo, o policial exerce função educativa arquetípica: deve ser “o mocinho”, com procedimentos e atitudes coerentes com a “firmeza moralmente reta”, oposta radicalmente aos desvios perversos do outro arquétipo que se lhe contrapõe: o bandido.

Ao olhar para uns e outros, é preciso que a sociedade perceba claramente as diferenças metodológicas ou a “confusão arquetípica” intensificará sua crise de moralidade, incrementando a ciranda da violência. Isso significa que a violência policial é geradora de mais violência da qual, mui comumente, o próprio policial torna-se a vítima.

Ao policial, portanto, não cabe ser cruel com os cruéis, vingativo contra os anti-sociais, hediondo com os hediondos. Apenas estaria com isso, liberando, licenciando a sociedade para fazer o mesmo, à partir de seu patamar de visibilidade moral. Não se ensina a respeitar desrespeitando, não se pode educar para preservar a vida matando, não importa quem seja. O policial jamais pode esquecer que também o observa o inconsciente coletivo;


A ‘VISIBILIDADE MORAL’ DA POLÍCIA: IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO

8ª - Essa dimensão “testemunhal”, exemplar, pedagógica, que o policial carrega irrecusavelmente é, possivelmente, mais marcante na vida da população do que a própria intervenção do educador por ofício, o professor.

Esse fenômeno ocorre devido à gravidade do momento em que normalmente o policial encontra o cidadão. Á polícia recorre-se, como regra, em horas de fragilidade emocional, que deixam os indivíduos ou a comunidade fortemente “abertos” ao impacto psicológico e moral da ação realizada.

Por essa razão é que uma intervenção incorreta funda marcas traumáticas por anos ou até pela vida inteira, assim como a ação do “bom policial” será sempre lembrada com satisfação e conforto.

Curiosamente, um significativo número de policiais não consegue perceber com clareza a enorme importância que têm para a sociedade, talvez por não haverem refletido suficientemente a respeito dessa peculiaridade do impacto emocional do seu agir sobre a clientela. Precisamente aí reside a maior força pedagógica da polícia, a grande chave para a redescoberta de seu valor e o resgate de sua auto-estima.

É essa mesma “visibilidade moral” da polícia o mais forte argumento para convencê-la de sua “responsabilidade paternal” (ainda que não paternalista) sobre a comunidade.

Zelar pela ordem pública é, assim, acima de tudo, dar exemplo de conduta fortemente baseada em princípios. Não há exceções quando tratamos de princípios, mesmo quando está em questão a prisão, guarda e condução de malfeitores. Se o policial é capaz de transigir nos seus princípios de civilidade, quando no contato com os sociopatas, abona a violência, contamina-se com o que nega, conspurca a normalidade, confunde o imaginário popular e rebaixa-se à igualdade de procedimentos com aqueles que combate.

Note-se que a perspectiva, aqui, não é refletir do ponto de vista da “defesa do bandido”, mas da defesa da dignidade do policial.

A violência desequilibra e desumaniza o sujeito, não importa com que fins seja cometida, e não restringe-se a áreas isoladas, mas, fatalmente, acaba por dominar-lhe toda a conduta. O violento se dá uma perigosa permissão de exercício de pulsões negativas, que vazam gravemente sua censura moral e que, inevitavelmente, vão alastrando-se em todas as direções de sua vida, de maneira incontrolável;

ÉTICA CORPORATIVA VERSUS ÉTICA CIDADÃ

9ª - Essa consciência da auto-importância obriga o policial a abdicar de qualquer lógica corporativista.

Ter identidade com a polícia, amar a corporação da qual participa, coisas essas desejáveis, não se podem confundir, em momento algum, com acobertar práticas abomináveis. Ao contrário, a verdadeira identidade policial exige do sujeito um permanente zelo pela “limpeza” da instituição da qual participa.

Um verdadeiro policial, ciente de seu valor social, será o primeiro interessado no “expurgo” dos maus profissionais, dos corruptos, dos torturadores, dos psicopatas. Sabe que o lugar deles não é polícia, pois, além do dano social que causam, prejudicam o equilíbrio psicológico de todo o conjunto da corporação e inundam os meios de comunicação social com um marketing que denigre o esforço heróico de todos aqueles outros que cumprem corretamente sua espinhosa missão. Por esse motivo, não está disposto a conceder-lhes qualquer tipo de espaço.

Aqui, se antagoniza a “ética da corporação” (que na verdade é a negação de qualquer possibilidade ética) com a ética da cidadania (aquela voltada à missão da polícia junto a seu cliente, o cidadão).

O acobertamento de práticas espúrias demonstra, ao contrário do que muitas vezes parece, o mais absoluto desprezo pelas instituições policiais. Quem acoberta o espúrio permite que ele enxovalhe a imagem do conjunto da instituição e mostra, dessa forma, não ter qualquer respeito pelo ambiente do qual faz parte;


CRITÉRIOS DE SELEÇÃO,
PERMANÊNCIA E ACOMPANHAMENTO

10ª - Essa preocupação deve crescer à medida em que tenhamos clara a preferência da psicopatia pelas profissões de poder. Política Profissional, Forças Armadas, Comunicação Social, Direito, Medicina, Magistério e Polícia são algumas das profissões de encantada predileção para os psicopatas, sempre em busca do exercício livre e sem culpas de seu poder sobre outrem.

Profissões magníficas, de grande amplitude social, que agregam heróis e mesmo santos, são as mesmas que atraem a escória, pelo alcance que têm, pelo poder que representam.

A permissão para o uso da força, das armas, do direito a decidir sobre a vida e a morte, exercem irresistível atração à perversidade, ao delírio onipotente, à loucura articulada.

Os processos de seleção de policiais devem tornar-se cada vez mais rígidos no bloqueio à entrada desse tipo de gente. Igualmente, é nefasta a falta de um maior acompanhamento psicológico aos policiais já na ativa.

A polícia é chamada a cuidar dos piores dramas da população e nisso reside um componente desequilibrador. Quem cuida da polícia?

Os governos, de maneira geral, estruturam pobremente os serviços de atendimento psicológico aos policiais e aproveitam muito mal os policiais diplomados nas áreas de saúde mental.

Evidentemente, se os critérios de seleção e permanência devem tornar-se cada vez mais exigentes, espera-se que o Estado cuide também de retribuir com salários cada vez mais dignos.
De qualquer forma, o zelo pelo respeito e a decência dos quadros policiais não cabe apenas ao Estado mas aos próprios policiais, os maiores interessados em participarem de instituições livres de vícios, valorizadas socialmente e detentoras de credibilidade histórica.

DIREITOS HUMANOS DOS POLICIAIS —HUMILHAÇÃO VERSUS HIERARQUIAÇÃO

11ª - O equilíbrio psicológico, tão indispensável na ação da polícia, passa também pela saúde emocional da própria instituição. Mesmo que isso não se justifique, sabemos que policiais maltratados internamente tendem a descontar sua agressividade sobre o cidadão.

Evidentemente, polícia não funciona sem hierarquia. Há, contudo, clara distinção entre hierarquia e humilhação, entre ordem e perversidade.

Em muitas Academias de Polícia (é claro que não em todas) os policiais parecem ainda ser “adestrados” para alguma suposta “guerra de guerrilhas”, sendo submetidos a toda ordem de maus tratos (beber sangue no pescoço da galinha, ficar em pé sobre formigueiro, ser “afogado” na lama por superior hierárquico, comer fezes, são só alguns dos recentes exemplos que tenho colecionado à partir da narrativa de amigos policiais, em diversas partes do Brasil).

Por uma contaminação da ideologia militar (diga-se de passagem, presente não apenas nas PMs mas também em muitas Polícias Civis), os futuros policiais são, muitas vezes, submetidos a violento stress psicológico, a fim de atiçar-lhes a raiva contra o “inimigo” (será, nesse caso, o cidadão?).

Essa permissividade na violação interna dos Direitos Humanos dos policiais pode dar guarida à ação de personalidades sádicas e depravadas, que usam sua autoridade superior como cobertura para o exercício de suas doenças.

Além de tudo, como os policiais não vão lutar na extinta guerra do Vietnan, mas atuar nas ruas das cidades, esse tipo de “formação” (deformadora) representa uma perda de tempo, geradora apenas de brutalidade, atraso técnico e incompetência.

A verdadeira hierarquia só pode ser exercida com base na lei e na lógica, longe, portanto, do personalismo e do autoritarismo doentios.

O respeito aos superiores não pode ser imposto na base da humilhação e do medo. Não pode haver respeito unilateral, como não pode haver respeito sem admiração. Não podemos respeitar aqueles a quem odiamos.

A hierarquia é fundamental para o bom funcionamento da polícia mas ela só pode ser verdadeiramente alcançada através do exercício da liderança dos superiores, o que pressupõe práticas bilaterais de respeito, competência e seguimento de regras lógicas e suprapessoais;


NECESSIDADE DE HIERARQUIA

12ª - No extremo oposto, a debilidade hierárquica é também um mal. Pode passar uma imagem de descaso e desordem no serviço público, além de enredar na malha confusa da burocracia toda a prática policial.

A falta de uma Lei Orgânica Nacional para a polícia civil, por exemplo, pode propiciar um desvio fragmentador dessa instituição, amparando uma tendência de definição de conduta, em alguns casos, pela mera junção, em “colcha de retalhos”, do conjunto das práticas de suas delegacias.

Enquanto um melhor direcionamento não ocorre em plano nacional, é fundamental que os estados e instituições da polícia civil direcionem estrategicamente o processo de maneira a unificar sob regras claras a conduta do conjunto de seus agentes, transcendendo a mera predisposição dos delegados localmente responsáveis (e superando, assim, a “ordem” fragmentada, baseada na personificação). Além do conjunto da sociedade, a própria polícia civil será altamente beneficiada, uma vez que regras objetivas para todos (incluí-das aí as condutas internas) só podem dar maior segurança e credibilidade aos que precisam executar tão importante e ao mesmo tempo tão intrincado e difícil trabalho;


A FORMAÇÃO DOS POLICIAIS

13ª - A superação desses desvios poderiam dar-se, ao menos em parte, pelo estabelecimento de um “núcleo comum”, de conteúdos e metodologias na formação de ambas as polícias, que privilegiasse a formação do juízo moral, as ciências humanísticas e a tecnologia como contraponto de eficácia à incompetência da força bruta.

Aqui, deve-se ressaltar a importância das Academias de Policia Civil, das Escolas Formativas de Oficiais e Soldados e dos Institutos Superiores de Ensino e Pesquisa, como bases para a construção da Polícia Cidadã, seja através de suas intervenções junto aos policiais ingressastes, seja na qualificação daqueles que se encontram há mais tempo na ativa. Um bom currículo e professores habilitados não apenas nos conhecimentos técnicos, mas igualmente nas artes didáticas e no relacionamento interpessoal, são fundamentais para a geração de policiais que atuem com base na lei e na ordem hierárquica, mas também na autonomia moral e intelectual. Do policial contemporâneo, mesmo o de mais simples escalão, se exigirá, cada vez mais, discernimento de valores éticos e condução rápida de processos de raciocínio na toma de decisões.


CONCLUSÃO

A polícia, como instituição de serviço à cidadania em uma de suas demandas mais básicas — segurança pública — tem tudo para ser altamente respeitada, valorizada e amada.

Para tanto, precisa resgatar a consciência da importância de seu papel social e, por conseguinte, a auto-estima.

Esse caminho passa pela superação das seqüelas deixadas pelo período ditatorial: velhos ranços psicopáticos, às vezes ainda abancados no poder, contaminação anacrônica pela ideologia militar da guerra fria, crença de que a competência se alcança pela truculência e não pela técnica, maus tratos internos a policiais de escalões inferiores, corporativismo no acobertamento de práticas incompatíveis com a nobreza da missão policial.

O processo de modernização democrática já está instaurado e conta com a parceria de Organizações como a Anistia Internacional (que, dentro e fora do Brasil, aliás, mantém um notável quadro de policiais filiados como militantes).

Dessa forma, o velho paradigma antagonista da Segurança Pública e dos Direitos Humanos precisa ser substituído por um novo, que exige desacomodação de ambos os campos: “Segurança Pública com Direitos Humanos”.

O policial, pela natural autoridade moral que carrega, tem o potencial de ser o mais marcante promotor dos Direitos Humanos, revertendo o quadro de descrédito social e qualificando-se como um personagem central da democracia.

As Organizações Não Governamentais que ainda não descobriram a força e a importância do policial como agente de transformação, devem abrir-se, urgentemente, a isso, sob pena de, aferradas a velhos paradigmas, perderem o concurso da ação impactante desse ator social.
Direitos Humanos, cada vez mais, também é coisa de polícia!

Sigilo na Investigação

Sigilo na investigação


Comentários de acordo com o AVISO N.º 03/GACOR/03 de autoria do Dr. Francisco Eustáquio Rabelo, publicado no BI n.º 228 de 04 12 2003.


Quando a Polícia Civil está exercendo o seu mister que é o de apuração de infração penal, ela está no exercício de uma investigação e por isso mesmo não pode dar conhecimento de todos de seus passos pois isso pode impedir ou atrapalhar o sucesso investigativo, e portanto na maioria das vezes o investigador, o Detetive, o policial civil não pode em hipótese nenhuma dar publicidade de seus passos, daquilo que está fazendo, pois isto poderá alertar o marginal que redobrará o cuidados para manter o máximo sigilo possível de suas atividades criminosas.

Por isso mesmo, o sigilo do policial nas suas investigações é imprescindível para que ele tenha sucesso nas suas investigações, no seu exercício de procurar provas contra determinado marginal que tenha cometido determinado tipo de crime, e nos não podemos estar alardeando os passos que estamos dando. Da mesma forma o marginal não diz aos quatro ventos o que ele irá fazer, a não ser na roda de seus comparsas. Por isso o que estamos fazendo ou os passos que iremos dar é um problema interno e somente os componentes da equipe devem ter conhecimento daquilo que irá ser feito.

Caso venhamos a antecipar as nossas investigações, caso ela venha a ser de domínio público, caso queiramos contar vantagens sobre o que estamos fazendo numa forma de mostrar serviço, com certeza estaremos isto sim é prejudicando todo o trabalho de uma equipe, colocando em risco as nossas vidas e atrapalhando sobremaneira nos mesmos pois os marginais poderão, ao tomarem conhecimento do que estamos fazendo, eliminar ou dificultar a coleta de provas.

Portanto se deixarmos que todos tomem conhecimento de nossas atividades investigativas, da maneira como estamos apurando determinado tipo de crime, isto com certeza irá refletir em inadmissível benefício para os criminosos que irão da próxima vez, ou mesmo naquele crime que estamos apurando, utilizar outros mecanismos que não nos permitam avançar nas investigações e desvendarmos o crime. Quando o criminoso é preso, eles comentam entre si o que aconteceu que os fez parar na cadeia. Com esta troca de idéias entre eles, quando praticam um mesmo tipo de crime, por exemplo o de extorsão mediante sequestro, eles verificam onde foi que erraram e através dessa experiência procuram eliminar os erros nas próximas investidas. Então quem sofre as conseqüências são os policiais escalados para apurar aquele tipo de crime e consequentemente a sociedade.

Então com o crescente aumento da criminalidade que vem se registrando em todo o nosso Estado bem como no Brasil, nós policiais devemos fazer todos os esforços para o combate eficaz a essa escalada de violência e concentrar no objetivo de reduzir a incidência criminal

Quando entramos para a polícia passamos por diversos cursos, aperfeiçoando os nossos métodos de investigações, e estes conhecimentos não devem ser repassados a ninguém que não seja policial, pois é um assunto que interessa somente a nós. Além dos conhecimentos acadêmicos existe o conhecimento pessoal e profissional. Aquele policial que já trabalha em determinado crime durante muitos anos desenvolve naturalmente uma forma de trabalhar com resultados altamente positivos. Então o modus operandi de nossos policiais não pode chegar ao conhecimento da sociedade como um todo e em especial a marginalidade, pois senão eles facilmente conseguiram driblar as nossas operações e nossos esforços no sentido de capturá-los, com um desgaste muito grande, negativamente, junto a sociedade.

Finalizando, digo aos senhores que em hipótese nenhuma devemos dar publicidade, ao término de um serviço com êxito ou não, dos métodos de investigação que utilizamos durante aquele serviço, e principalmente do uso da interceptação telefônica. Apesar de amplamente difundido pela mídia, nós de Minas Gerais não devemos em hipótese nenhuma esclarecer para eles que o método utilizado para chegarmos aos marginais foi através do uso do grampeamento dos telefones ou de qualquer outro método de investigação, pois estes bandidos, da próxima vez não irão utilizar este método para a prática de seus crimes, arranjando um outro meio para comunicação e impedindo uma ação mais efetiva de nossos policiais. Basta simplesmente dizer que através de um trabalho árduo e eficiente de “investigação” contando com um trabalho eficaz e permanente de seus investigadores a equipe logrou prender em flagrante a quadrilha, portanto não especificando qual o método utilizado, nem que tenha sido de uma denúncia anônima, pois isso desvaloriza a nossa atividade e todos nós gostamos de sermos reconhecidos em nossa atividade profissional.

Elson Matos da Costa
Delegado Geral de Polícia
Coordenador do TAP/ACADEPOL/MG

Despedida da SGPC



Exmo. Sr. Dr. Otto Teixeira Filho, DD. Chefe de Polícia Civil

Exmo. Sr. Dr. José Arcebispo da Silva Filho, DD. Superintendente Geral de Polícia Civil, autoridades essas em nome de quem cumprimento a todos os integrantes do Conselho Superior de Polícia Civil, aos demais colegas, incluindo Detetives, Escrivães, Peritos, Carcereiros, enfim a toda classe policial e amigos que aqui se fazem presentes.

Diz um grande amigo meu filósofo boêmio da noite de Belo Horizonte, que me permitam aqui nesse momento declinar o seu nome, mais conhecido como CATÚ ou Carlos Renato que “o orador deve falar de pé para ser visto, alto para ser ouvido e curto para ser aplaudido”. Vou ser o mais sucinto possível nesse momento de grande importância na minha vida profissional quando é inaugurado o meu retrato em uma galeria de ilustres colegas da mais alta estirpe.

Em fevereiro desse ano fui guindado ao cargo de Superintendente Geral de Polícia Civil, uma das mais altas honrarias que um policial poderia receber, através de um convite honroso de meu colega de turma, Dr. Otto Teixeira Filho. Aqui pude perceber as dificuldades do cargo e imagino o que esteja passando o meu colega e principalmente amigo, Dr. Arcebispo, dado as diversidades de problemas que tem de ser resolvidos todos os dias.

No período em que aqui permaneci procurei dentro do possível atender a todos aqueles que precisavam de meus préstimos, é claro que não pude atender a todos, mas sempre procurando atender em primeiro lugar a Polícia Civil, não deixando, no entanto de ver as dificuldades do policial e caso fosse possível atendê-lo da melhor forma.

Foi uma experiência incrível que infelizmente não pôde ter uma continuidade devido a diversos fatores, sendo o principal o problema de saúde decorrente de meu acidente em 1997 além de outros que vieram a se somar durante todo esse tempo.

Já quase com a publicação de minha aposentadoria, que deverá ocorrer nos próximos dias, fui ainda brindado com um reconhecimento nas cidades onde comecei a minha carreira policial, em Guaxupé como Escrivão de Polícia e Alterosa como Delegado de Polícia, onde receberei ainda essa semana o título de cidadão honorário das mesmas.

Concluindo, espero e acredito ter deixado não apenas colegas, mas principalmente amigos durante a minha trajetória profissional, amigos estes que agradeço a ajuda que recebi e que me propiciaram essa escalada vitoriosa. Agradecimento esse extensivo a minha esposa, meus filhos, meus pais e irmãs, e que culmina, repito, minha trajetória profissional, com o dia de hoje, na inauguração do meu retrato que ficará nesta galeria de outros colegas que me antecederam, fizeram história e dignificaram a nossa Polícia Civil.

Muito obrigado.


Elson Matos da costa

Réquiem ao Venício Lucílio

Réquiem ao Venicio Lucílio.


Vai-se longe o ano de 1996 quando conheci o “blindado”. Selecionamos alguns policiais para um curso de operações especiais a ser realizado na ACADEPOL/MG sendo que ao seu final os aprovados seriam transferidos para o DEOEsp, prática esta que há muito tempo deixou de ser feita, estando Venicio nesta turma. Ele destoava dos demais colegas por ser primeiro extremamente forte e segundo por ser extremamente disciplinado. Talvez nunca tenha trabalhado com alguém que tinha tanta disposição para o trabalho como ele, não tendo hora e nem lugar para trabalhar. Para ele era sempre uma satisfação estar empenhado em qualquer tipo de serviço, repito, qualquer tipo de serviço, de um estouro de cativeiro a uma escolta de presos, todos eles o fazia com a maior disposição.

Naquele corre corre que são os corredores do DEOEsp , quando as equipes são acionadas para algum serviço urgente, Venicio com aquele corpanzil agitado e falando alto ao pegarem armas e demais equipamentos, era o único que preocupava-se antes de pegar a sua arma, colocar o colete a prova de balas. Quando alguém o indagava ou mesmo o “sacaneava” ele apenas dizia que aquilo era uma obrigação do policial se proteger para depois proteger a sociedade. E lá ia o “blindado” com o colete enquanto os outros não tinham a mesma preocupação.

Por isto, quando um fato deste acontece, ficamos a nos perguntar? Existe realmente o destino, não é Dr. Sérgio Francisco de Freitas, com quem conversávamos a respeito. Existe uma linha traçada por alguém superior a quem não nos é permitido transgredir estas normas, ou não? Deixamos de entender o porque Venicio não estava naquele dia fatídico, de 04 de outubro de 2003 usando o colete a prova de balas, ele tão cioso de sua própria proteção, assim como os outros companheiros do carro, assim como eu e novamente o Inspetor André Lorens em Taubaté-SP. O que faz com que nós policiais civis não nos protejamos quando do atendimento de uma ocorrência policial? São perguntas que gostaria de deixar a todos os colegas e que refletissem muito bem sobre isso.

Quando do meu acidente na Rodovia Dutra, em 1997, e tão logo recuperei, ao voltar a dar aulas de Treinamento de Ação Policial na ACADEPOL/MG obrigamos a todos os alunos a que usassem os coletes em todas as operações de treinamento para que aquilo se tornasse um hábito, da mesma forma quando do treinamento do G.E.R. – Grupo Especial de Resgate – a SWAT mineira dentro do DEOEsp, sendo um item obrigatório o colete e deste grupo fazendo parte o nosso saudoso colega.

Portanto neste momento de tristeza ao perdermos um excelente colega e um excepcional policial, gostaria de deixar uma mensagem a todos aqueles que trabalham no serviço operacional, mesmo que seja para uma prisão onde sabemos que não devem ocorrer maiores problemas, maiores confrontos, que POR FAVOR, utilizem o colete que me permitam chamar de SALVA-VIDAS, conhecido comumente como “a prova de balas”, para que não tenhamos o desprazer de chorar mais uma vez por colegas mortos em combate.

Venicio. Você combateu um bom combate. Descanse em paz.


Elson Matos da costa
Delegado Geral de Polícia

Burrélio

Dicionário do Jorge

Burrélio

O Jorge falando: “O Dr. Elson é muito nosso amigo, principalmente agora que ele é o Super Entendente ele resolve qualquer coisa. Que que é isso Jorge, que cargo é este?

E aí Jorge, como é mesmo o nome daquele atacante do Cruzeiro que está fazendo muitos gols? Resposta do Jorge: “Há, é o Aris Ti Sábado”. O Jorge, meu filho, não seria o Aristizábal.

A Diretoria estava reunida discutindo sobre o estatuto do Veteranos do Esplanada e um dos itens era sobre a entrada de novos atletas, quando o Jorge saiu com esta pérola: “Para que possamos demitir alguém...” Ô Jorge não seria admitir?

Estávamos reunidos no Bar do Boa Vista quando falávamos sobre um assunto qualquer quando ninguém menos que o Jorge saiu-se com esta: “Nós não podemos desmosprezar ninguém”. É claro e evidente que ninguém entendeu nadica de nada. O que será que ele quis dizer? Desprezar, menosprezar ou criou uma palavra nova, é o mais provável.

O Jorge quer fazer a festa do time no clube em que tem uma piscina e ele pode descer no “topoágua”. E ai Jorge não seria toboágua com B?

E neste momento o Jorge está explicando um acidente horrível ocorrido com um conhecido seu em que caiu sobre as suas pernas uma “bitorneira”. Jorge, não seria uma betoneira?

No final deste ano de 2003, estávamos discutindo sobre quem iria tocar na festa. Ai, sabe quem, sabe quem, saiu com esta? O Jorge, é claro, disse o seguinte, eu conheço um grupo de pagode que tem um variado “respeitório”. Ô Jorge, não seria repertório?

Em uma conversa informal, o Jorge, só poderia ser ele, saiu com essa, o William é o número “trintagésimo” da fila para entrar no jogo da festa. Jorge, não seria trigésimo que você gostaria de falar?

E o Emilson caiu no campo e ralou as costas. Sabe o que o Jorge disse? Que ele estava com um “vergalhão” nas costas. Jorge? Não seria um vergão?

Falando mal mais uma vez do William, como sempre já que esta é uma briga antiga, o Jorge disse que ele, William, não é uma “unamidade”. A palavra correta não seria unanimidade Jorge?

O Jorge na mesa do bar discorria sobre determinado assunto quando se saiu com essa: “Uma penca de ovos”. Penca Jorge? O que será que é isso.

No mesmo bar, como sempre, o Jorge, ele sempre está em um bar, disse o seguinte: “O Cruzeiro contra o Paissandu vai ganhar o jogo e será o campeão conquistando assim, pasmem, mas ele falou, “a tríplice coroa”. Jorge que palavra difícil mas você aaaaacertou!!!!

Estávamos comentando sobre a entrada de novos torcedores para o Cruzeiro e para isso eles teriam que apresentar uma série de documentos, tais como folha corrida, cpf, identidade, carteira de motorista, imposto de renda, etc. E não que o Jorge disse assim? Para entrar na torcida do Cruzeiro é exigido um monte de “democracia”. Jorge, não seria burocracia a palavra correta?

O Willian está comprando os uniformes para o time e então aconteceu uma discussão. O Jorge então deu uma sugestão considerada válida, se não trocasse as bolas. O Jorge disse que “deveria ser colocado no calção as iniciativas do time”. A princípio ninguém entendeu nada, quando ele então explicou que eram as letras do time “VE”, entenderam? Veteranos do Esplanada. Ô Jorge, em vez de iniciativa não seriam iniciais?

Comentando sobre a morte do pai do “Faustão” o Jorge disse que ele foi enterrado no “Box da Esperança”. E aí Jorge, onde fica este cemitério, não seria o Bosque da Esperança?

O Jorge estava comendo um salgado e disse que colocou um chup-chup no mesmo. Não seria um chatchup, Jorge?

O Jorge estava comentando que seu filho Lambe-lambe irá se tornar um grande jogador de futebol e irá ganhar em “eures”. Que diabo de dinheiro que é isso Jorge. Não seriam EUROS?

O Jorge estava discursando para uma platéia seleta, na mesa de um boteco, onde mais poderia ser, em um domingo, por volta das 13,00 horas (imagine o seu estado etílico), quando disse que o “Bin Ladi” vai fazer um “estrago” nos EUA. Quem é que será esse terrorista novo? Será ele filho do famoso Osama Bin Laden?

Falando sobre futebol, assunto sobre o qual ele realmente entende, o Jorge disse que o Ronaldo fenômeno é o melhor jogador do mundo e aquele bonitão do “Dei Beque” não joga nada. Na primeira parte acho que ele acertou, realmente o Ronaldo é o melhor jogador do mundo, mas o outro jogador por ele citado talvez seja o David Beckman. Devemos desculpar o Jorge porque o seu inglês está um pouco enferrujado, ele anda praticando pouco.

O Jorge disse que o patrocinador do time do Cruzeiro vai ser substituído. Sairá o “Simons” e entrará outro. Esse tal de “Simons” Jorge, não seria “Simens”?

O Jorge quando morava lá pelas “bandas” do Nordeste andou tomando uns “tirinhos” de nada. Com medo de morrer, pediu que a família voltasse para Belo Horizonte, dizendo então: “Eu fico por aqui internado e vou vivendo aos troncos e barrancos”. O ditado popular não seria “aos trancos e barrancos?”.

O Elson por problemas de saúde teve que parar de tomar suas cervejas, que não são poucas, e por causa disso, aliado a uma dieta alimentar emagreceu. O Jorge ao perceber isto comentou no meio da turma no boteco do César. “O Dr. Elson esmagreceu”. É claro que quem ouviu não conseguiu conter o riso, e o Jorge se perguntando e perguntando a todo mundo, o que eu falei de errado? Não é esmagrecer? Repetiu. Ô Jorge, emagrecer não seria melhor?

O Ronaldo Fenômeno após o término do seu casamento andou para lá e para cá até encontrar uma namorada. Perguntado ao Jorge o nome da nova namorado do Ronaldo ele falou: “É a Daniela Sucareli”. É claro que ninguém deixou de rir. Ô Jorge, é Cicarelli o nome daquela beldade, daquele tesão. Pelo menos da Daniela você não pode deixar de esquecer e de falar o seu nome correto. Pense na Vilma que você lembra da namorada do Ronaldo.

O Jorge disse que o novo campeão da Libertadores é o “Onze Caldas”. Não seria o Once Caldas?

O Jorge é um dos freqüentadores da noite belorizontina e por isso conhece todos os lugares em que nos deveríamos freqüentar como ele. Um deles que o Jorge indicou é bem conhecido e fica na região da Savassi e se chama “Café com Fumo”??? Será que é isso mesmo Jorge? Pesquisando para saber onde fica este local freqüentado pela sociedade local e também pelo Jorge, é claro, encontrei o local mais parecido com o que ele disse que é o CAFÉ CANCUN.

O Jorge estava no Valtinho com o Otamar e a sua esposa quando alguém, que só pode ser o Jorge, soltou um, digamos para ser mais educado, gases. O Jorge então perguntou para a ......., você não está sentindo um cheiro esquisito? Como ela respondeu que não o Jorge disse que ela não tem “olfário”. O olfato do Jorge é muito esquisito.

Fazendo mais um dos comentários, mais do que pertinentes como só ele próprio sabe criar, o Jorge falando sobre o Zirinho disse que ele é uma tropeira. A princípio ninguém nada entendeu e foi pedido para que ele repetisse a palavra e mais uma vez ele disse. O Zirinho é uma tropeira. Depois de muito indagar conseguimos entender que o Jorge queria dizer que o nosso amigo seria uma “topeira” o que é claro ninguém concorda a não ser o Jorge com seu palavreado mais do que esdrúxulo. Esdrúxulo? Que palavra é essa Jorge?

O Jorge fazendo aqueles comentários próprios dele, ou seja, fala mais do que deve, saiu-se com essa. Como o William havia comprado um carro novo da Fiat o Jorge disse que William estava muito metido com o seu novo Pálio Quem. O que? É um novo pato feito pela Fiat Jorge? Quem? Quem? Quem? Tudo com trema. Nós sabíamos que havia sido lançado o Pálio Weekeend mas não essa besteira saída mais uma vez da boca do Jorge.

Falando com todo o conhecimento que lhe é peculiar, o Jorge disse a mesa do bar do César: “Vou fazer uma autocrítica minha”. O Jorge como é que se faz uma autocrítica se não a própria.

A competente Diretoria do Veteranos do Esplanada após uma reunião tensa e cheia de percalços chegou a uma conclusão sobre a inclusão de um atleta no time. Após o resultado final o Jorge disse que a reunião chegou a um bom senso quando na verdade ele queria dizer “consenso”

Falando para o seu público que o ouve atentamente o Jorge disse que a aplicação de usufilme no carro fica muito bom. Tentamos descobrir que tecnologia nova era essa quando fomos verificar que na verdade tratava-se do nosso conhecido como insu film.

O Jorge disse que o seu poder requisitivo é muito baixo. É claro que ele foi interpelado para que explicasse o que seria esse tal de poder requisitivo. Deveria ser alguma coisa relativa a requisitar algo. Com suas explicações tomamos conhecimento do que o Jorge queria falar: tratava-se na verdade de poder aquisitivo.

Em suas explanações dominicais ou nas de quarta-feira na sauna o Jorge saiu-se com essa: quanto menas gente tiver, melhor. Como todo mundo ficou calado, boquiaberto, tentando entender essa palavra, o Jorge acabou repetindo para que todos entendessem: quanto menas ... Depois verificando que havia falado alguma bobagem ele perguntou o que estava errado no que ele falou. Ô Jorge: seja feminina ou masculina a palavra que acompanha o termo usado será sempre menos.

O Jorge, vocês sabem quem é ele, não? Pois bem, o Jorge convidou a todos os seus amigos do time para almoçar na sua casa, ou melhor, do seu ex-time, já que no momento em que estou escrevendo o Jorge foi alijado do Veteranos do Esplanada. Ô Jorge o que é alijado? Bom, vamos ao que interessa. Perguntamos então ao nosso amigo qual seria o prato que sua esposa iria preparar para receber a todos e ele respondeu será um “FILÉ DE MERNUZA”. O que que é isso gente? Eu acredito que ele quis dizer file de merluza.

O Jorge como sempre, todo Carnaval ele passa na praia. E ali toma uma e outras, quando andando pelo calçadão da Praia do Morro viu algumas beldades passando um creme no corpo para clarear os pelos e assim elas ficam loiras. O Otamar que estava andando ao lado do Jorge viu quando ele falou: Essas meninas querem ficar loiras passando oxigênio na perna. O queee? O Jorge você deve ter falado água oxigenada e o Otamar é que entendeu mal, pois você está sempre certo.

Vocês conhecem todos os narradores e apresentadores de futebol de nossos canais de televisão, já que todos são aficcionados por este esporte. Tem um que duvido que vocês conheçam e é claro somente ele já ouviu falar. É estou falando do Jorge. O Jorge disse: vocês ouviram o comentário na Band ao meio-dia do DAPENA? Fez-se um silêncio geral na rodinha. Ninguém conhecia o tal apresentador, seríamos todos ignorantes em matéria de esporte que não conheceríamos o dito cujo? O Jorge imediatamente nos explicou quem era e que só ele conhecia. Diante de suas explicações chegamos a conclusão que o tal DAPENA na verdade seria o DATENA. Há bom!!!

O Jorge é metido. Ele gosta de uma boa comida. Somente de uma que não lhe desce bem como aliás de ninguém. O Zirinho insiste em levar umas peles de tira-gosto para a reunião de quarta-feira em que ninguém come, mas diante da boa vontade dele não podemos reclamar, espero que ele não leia isso,pois senão ficará chateado. O Jorge disse que gosta da pele do porco “ä pororoca”!!!! Mais uma vez ele nos causou surpresa, até que entendemos o que ele queria dizer. PURURUCA.

Como vocês puderam ver o Jorge gosta de comer bem. Das diversas comidas que ele gosta e ele parece um triturador, pois come qualquer coisa, parecendo seu irmão Duca, a mais apreciada por ele é “SURUBIM AO MOLHO PARDO”. A comida que o Jorge gosta deve ser deliciosa e também o único no mundo que já comeu esta modalidde de peixe que só tem no seu cardápio e no seu BURRÉLIO. Como é que se faz molho pardo com peixe, de onde ele tira esse sangue? É uma pergunta que tenho certeza ficará sem resposta. A não ser que o Jorge nos explique.

No final do ano de 2004 eu passei o reveillon no Espírito Santo. O Jorge disse que eu havia passado na praia de “ITAIOCA”, como eu disse que não era essa praia, ele disse então que foi em “TAIOCA”. Também não foi essa e ai o Jorge ficou Invocado comigo querendo brigar porque ele insistia em dizer que eu só vou para a praia de “ÍTAIOCA” ou “TAIOCA”. Esse Jorge não tem jeito. A praia Jorge é “ITAOCA”, você passou perto.

O Jorge por incrível que possa parecer é um leitor assíduo dos jornais mineiros.Está sempre por dentro das últimas notícias e por isso ele nos contou que um casal estava no motel quando a mulher foi até a banheira de hidromassagem tomar um banho. Quando o rapaz chegou próximo a banheira viu que ela estava com os cabelos presos e sendo puxados para baixo. Ele entrou em desespero chamou alguém do motel e com uma faca cortaram o cabelo da moça, mas mesmo assim não conseguiram salva-la vindo a mesma a falecer. O Jorge disse que foi a SECUÇÃO que prendeu os cabelos da moça e a fez morrer afogada. Tentamos entender o que o Jorge queria dizer até que descobrimos que ele falava de SUCÇÃO, quase igual ao que o Jorge dizia.

Falando em velhice sempre nos lembramos do Jorge que está bastante “acabadinho”. Ele nos disse que está sentindo o peso da idade porque está com 51 (cinqüenta e um) anos e por isso está com UM SÉCULO de vida. Como é que é Jorge?

Explanando sobre algum assunto que deveria ser interessante no momento do bate-papo, o Jorge disse que DEUS NÁO DÀ COBRA A ASA, invertendo o ditado popular de que Deus não dá asa a cobra.

De certa feita o Jorge foi a uma determinada casa de show e ao chegar na Portaria foi comunicado de que estavam cobrando convënio artístico, é claro que ele não quis entrar. Na verdade a casa estava cobrando era couvert artístico.

O Jorge só gosta de coisa boa. De viajar para bons lugares, beber um bom whisky e como ele mesmo diz, hospedar-se em bons hotéis. Como recomendação dele, um bom lugar é o Hotel Itaú. Todos se calaram perguntando onde ficaria o hotel do referido banco, ninguém conhecia. Após as devidas explicações é que conseguimos descobrir que ele queria dizer Hotel Tauá.

Estávamos no Bar do César quando apareceram dois cachorros procurando comida no chão. Um preto e outro com pêlos amarelos. O Jorge disse que o cachorro preto era um “Doblô”. Como ele entende também de cachorro como de muitas outras coisas, perguntamos a ele o que era aquilo que ele estava tentando dizer referindo-se a raça do cachorro ou quem sabe seria a marca de um veículo da Fiat? Foi então que ele deu a explicação que era sobre a raça e só então, nós também somos burros, descobrimos que ele queria dizer DOBERMAN.

Como não poderia deixar de ser o Jorge estava comentando sobre os escândalos produzidos em Brasília pelos Deputados que estavam recebendo o “escalão”. Ô Jorge, não seria o “mensalão?”.

Vocês conhecem ou pelo menos já viram aqueles homens que ficam e vivem as margens das rodovias, andando sem destino com sacos nas costas e extremamente sujos. Para nós eles se chamam “andarilhos”, para o Jorge são “andarinos”.

O Jorge disse que aquele repórter polêmico da televisão se chama “Jorge Caruru”. Não seria Jorge Cajuru?

Na realização do 1º Bingo do Veteranos do Esplanada o Jorge disse que alguém teria que ficar responsável em cantar as pedras no “NICROFONE”.

O Jorge disse que quando o pai tem diabetes ele passa para o filho e que isso é “Leiditário”. Na verdade o que o nosso amigo queria dizer é HEREDITÁRIO.

Estávamos reunidos no depósito do Zirinho para fazermos um churrasco e o Otamar telefonou para o Jorge para que ele viesse se juntar a nós. Perguntado onde estava o Jorge respondeu: Eu estou almoçando no PORCÃO comendo um “RODIGIO”. E AÍ Jorge que rodízio é esse que ninguém conhece?

Comentando sobre futebol, coisa que realmente o Jorge conhece, tanto com a bola nos pés como nas discussões, ele disse que se a Seleção Brasileira não tomar cuidado na Copa da Alemanha, ela volta de “MALA E CUNHA” para casa.

O Cruzeiro neste Campeonato Brasileiro de 2005, está lutando para conseguir uma vaga na Libertadores. O Jorge disse que se o Cruzeiro não conseguir a vaga ele vai ficar na “REFRESCAGEM”. Não seria REPESCAGEM, Jorge? Ele disse que não, ele gosta de falar é assim mesmo.


O Jorge, neste último Carnaval, 2006, como sempre faz ele e os demais milionários, foi passar na praia. Acompanhado de quem? O “inteligente” Otamar. Imagine este nosso amigo agüentando o Jorge falando na sua cabeça dia e noite. Só mesmo o Otamar. E sabe o que o Jorge disse lá na praia? Aconteceu alguma coisa durante a estadia do casal na praia que o Jorge evidentemente foi contra e não gostou e disse que iria reclamar no PRECON. É claro que a galera toda caiu na risada ao perceberem que o Jorge, meu amigo particular, queria dizer PROCON.

Nesta mesma viagem, que eles fizeram de ônibus, tudo transcorria as mil maravilhas, muita cerveja, o Jorge cantando, imagine só, o Jorge cantando, alegre, quando todos escutam um barulho. O ônibus parou e quando foram ver havia furado um pneu. Todos desceram e começaram os preparativos para ajudar o motorista e o trocador quando o Jorge disse: “Já pensou se não tiver o estrepe?”. Foi uma alegria geral, com todos se contorcendo de rir e caindo pela rodovia não se agüentando mais, ninguém conseguiu parar de achar graça e muito menos ajudar a trocar o estepe e o Jorge perguntando. “O que eu falei de errado?”.

Dicas úteis para policiais

Dicas úteis para policiais

1. Limpe sempre sua arma quando usa-la, ou esporadicamente, mesmo que não pareça necessitar de cuidados.

2. Não permita o aparecimento de sinais de ferrugem.

3. Nunca use a arma em contato direto com o corpo, mesmo sendo em aço inox.

4. Conduza sempre munição de reserva, no mínimo duas vezes a capacidade da arma.

5. Substitua a munição de sua arma pelo menos a cada seis meses.

6. Conduza sempre sua arma e munição como se fosse entrar em confronto iminente. A qualquer momento você pode encontrar-se com quem já prendeu.

7. Usando pistola, carregue sempre, no mínimo, dois carregadores reservas.

8. Use munição na câmara de sua pistola mas treine frequentemente com sua arma. Muitos acidentes já ocorreram por falta de contato freqüente com a arma.

9. Só use a trava de sua pistola se usar munição na câmara e treinar periodicamente o destrave seguido de acionamento do gatilho. Lembre-se que em confronto, você só fará o que treinou e tornou-se reflexo.

10.Em serviço normal, mesmo que não haja risco de confronto, conduza sempre uma segunda arma, não ostensiva (preferencialmente revólver), todas com no mínimo a capacidade total de tiros em dobro.

11.Nunca use arma ou munição de procedência desconhecida ou duvidosa (muitos policiais foram baleados ou perderam a vida por receberem armas que não foram testadas ou munição velha e mal cuidada). Ao receber qualquer arma para uso em operação real, TESTE-A ANTES,realizando o tiro real.

12.Em confronto iminente mantenha a arma já fora do coldre, em posição de tiro ou na Posição Sul.

13.Nunca vá sozinho atrás de um marginal. Aguarde reforço. Quem corre atrás de bandido é bala.

14.Em confronto, só permaneça de pé quando tiver que mudar de posição ou não houver tempo para ajoelhar-se e deitar-se.

15.Nunca entregue sua arma para alguém, mesmo que esteja descarregada.

16.Treine periodicamente, realizando treinamento em seco, pelo menos 3 vezes por semana e executando tiro real (mínimo 15 tiros), duas vezes por mês.

17.Não permita que curiosos façam reparos em sua arma. Leve-a para armeiro qualificado e teste-a com munição real depois de consertada.

18.Mantenha o dedo indicador da mão forte (dedo do gatilho), fora do gatilho. O tempo que se perde em acionar o mesmo é questão de frações de segundos e impede que se faça um tiro acidental devido a tensão do momento. Treine periodicamente sacando a arma do mesmo local onde normalmente você a porta.
19.Cautela e cuidados em confronto não são sinais de covardia. Sua família e parceiros não precisam de um herói morto.

Despedida de um Policial

Extraído do Boletim Interno da Polícia Civil de 01 out 2003 – n.º 184


Despedida de um policial.


Tudo que começa, um dia acaba. E tudo começou nos idos de 1975 com o ingresso na carreira de Escrivão de Polícia, ainda na Rua 21 de abril, ao lado da Rodoviária, onde funcionava a ACADEPOL/MG. A partir daí iniciava-se uma carreira que fundamentalmente, foi construída no interior de Minas Gerais, de Escrivão a Delegado de Polícia, passando por Guaxupé, Muzambinho, Alterosa, Ouro Preto, Perdões, Lavras e, finalmente, Belo Horizonte, onde se assentou, enfim, freqüentando, na ACADEPOL/MG, um Curso de Operações Especiais, com duração de oito meses.

A seguir, um período de aprendizado de 01 (um) ano na Divisão de Tóxicos e Entorpecentes, para entender como funciona a Polícia da Capital, tendo, finalmente, “aportado” no lugar aonde viria a se sentir totalmente bem, D.E.O.Esp.- Departamento Estadual de Operações Especiais. Ali estava o órgão, onde a sua carreira de Delegado de Polícia iria deslanchar, saindo da Classe II a Geral, sempre por merecimento, durante um período de 12 anos.

Não poderia deixar de lembrar da oportunidade de ter trabalhado com grandes policiais, principalmente no DEOEsp – Departamento Estadual de Operações Especiais. Tais policiais deram-lhe a chance de explorar o potencial que existia dentro de si, naquelas operações de verdadeiros “malucos”, onde enfrentavam qualquer quadrilha que preciso fosse. Por isso, as suas maiores operações sempre foram extra-fronteiras de Minas Gerais e onde ficaram, nacional e até mesmo internacionalmente conhecidos pelas sucessivas vitórias.

No entanto, como não se poderia antever, em 11 de janeiro de 1997, em uma dessas operações, na Via Dutra, defronte à cidade de Taubaté, durante um pagamento de resgate de um sequestro, ocorrido na cidade de Divinópolis-MG, foi duramente atingido por diversos projéteis, ficando entre a vida e a morte, num leito de CTI. Nos poucos momentos de consciência, deitado na cama de um hospital, quando a sedação deixava, toda a sua vida desfilava diante de seus olhos, como em um filme, e, ficava se perguntando se, realmente, tinha valido a pena.

Não demorou muito e sobreveio a resposta. Apesar do sofrimento, das dores atrozes que sentia e até mesmo do estado de letargia de que se encontrava, era que SIM! Tinha valido a pena!!!

Hoje, eu, Elson Matos da Costa, entendo que, sem adrenalina, sempre despejada, aos borbotões, na corrente sangüínea, talvez eu não tivesse conseguido viver tão intensamente a minha vida profissional COMO VIVI e, onde poucos experimentaram esta agradável sensação de VIVER, além da plena satisfação do dever cumprido, restituindo, às famílias, aqueles entes tão esperados.

Naqueles momentos, quantas e quantas vezes, ao olhar para aqueles policiais bravos, ferozes, indiferentes na aparência, verificava que lágrimas lhes escorriam pelos rostos e, como não era diferente deles, também chorava, porque assim como eles, tinha plena consciência de termos cumprido, com sucesso, mais uma missão, da qual fomos incumbidos.

Por isso, ao ser guindado ao cargo de Superintendente Geral da Polícia Civil de Minas Gerais, em um convite que, diga-se, de passagem, muito me honrou, do Exmo. Senhor Chefe da Polícia Civil, Dr. Otto Teixeira Filho, posso dizer, com todo o orgulho do mundo, ter completado, com satisfação, o meu ciclo de passagem pela nossa apaixonante Polícia Civil, e, como diz o refrão do hino de um time vencedor, e, sem nenhuma modéstia, o próximo Campeão Brasileiro de Futebol: “...tão combatido, jamais vencido”.

No entanto, as seqüelas daquele acidente de 1997 ainda se fazem presente, principalmente em minhas pernas. Fui obrigado, inclusive, a deixar de fazer algo, para mim, mais gratificante, que era jogar futebol, devido à deficiência de circulação sangüínea e uma insistente osteomielite (infecção no osso), que dificultam o meu dia-a-dia, causando-me inchaço nos pés e uma ardência constante que, portanto, não permitem que eu tenha uma vida totalmente normal, apesar da mesma nunca ter sido, como se diz, VERDADEIRAMENTE NORMAL, partindo-se do ponto de vista das pessoas comuns.

Em vista de tudo isso, nesta data, estou pedindo o meu afastamento para tratamento de saúde e, posteriormente, a minha aposentadoria e, apesar de não considerar-me um velho, deixando para os mais jovens a oportunidade de galgar os postos mais cobiçados da Polícia Civil como o que agora estou deixando.

Por isso, gostaria de deixar a minha mais sincera gratidão a todos que me ajudaram neste longo caminho, e, que fizeram com que um simples policial do interior de Minas Gerais pudesse ocupar tão importantes cargos em nossa instituição. Durante este percurso evidentemente não pude agradar a todos, mas sempre procurei ser o mais profissional possível, independentemente de quem estivesse ao meu lado, amigo ou não. No entanto, mesmo com minha ausência, espero que continuem auxiliando o Dr. Otto Teixeira Filho em sua caminhada para a permanência da Polícia Civil em seu local de destaque no cenário da Segurança Pública de Minas gerais, nessa tentativa de contenção, incessante, cotidiana e sem tréguas, à criminalidade.

Muito obrigado a todos que, comigo, trabalharam e, também, àqueles que, mesmo à distância, contribuíram, permitindo, não apenas a minha ascensão profissional, mas, em especial, o “crescimento” de um homem e a estruturação de sua família.

Belo Horizonte, 26 de setembro de 2003.



Elson Matos da costa
Delegado Geral de Polícia
Superintendente Geral da Polícia Civil

Inauguração retrato no DEOEsp

Exmo.Sr.


Exmo.Sr.


É com grande satisfação que retorno hoje a esta casa que foi minha durante muito tempo. Exatos 12 anos. Aqui foi onde consolidei a minha carreira profissional. Aqui fiz muitos amigos. Aqui conheci o céu e o inferno.
O céu foi exatamente porque aqui no DEOEsp encontrei os melhores profissionais que poderia encontrar para completar o meu trabalho dando uma grande satisfação a sociedade mineira no quesito principalmente da extorsão mediante seqüestro. Aqui eu posso dizer com todo orgulho do mundo que dificilmente teremos algum grupo no país que supere o nosso conhecimento neste tipo de crime. Conseguimos dar alegrias a inúmeras famílias mineiras que viram-se de repente, não mais que de repente privados de um de seus entes queridos.
A satisfação de voltar para casa com o dever cumprido nada no mundo paga e isto tudo eu devo a vocês do DEOEsp. Aqui com certeza passei os melhores momentos da minha vida profissional, fato que nunca irei esquecer.

O inferno que aqui enfrentei deve-se a partida de alguns amigos que comigo conviveram neste mesmo prédio e que a fatalidade infelizmente os levou, como o Robertson, em um acidente de carro, o Adonis, num tiro covarde, o Dr. Lúcio, o Eduardo e o Milton de uma vez só em uma batida de carro no interior trabalhando. A minha estadia, alguns meses de férias-premio no Hospital depois de uma mal sucedida operação policial em São Paulo que eu transformei em experiência profissional e pessoal juntamente com minha esposa, Leila e meus filhos Marco e Simone além de meus pais e irmãs e das inúmeras pessoas que torceram e rezaram para o meu restabelecimento.

No entanto pesando o céu e o inferno, com certeza o céu é como o time do Cruzeiro, ganha de goleada e é com imenso prazer que hoje faço o descerramento e a inauguração do meu retrato nesta galeria ao lado de homens que fizeram história na Polícia Civil.

Muito obrigado.
04/2003
CONFRONTO ARMADO – COMO SAIR DELE COM VIDA

Acompanhe o que acontece antes, durante e após um tiroteio.


A maioria dos autores especializados em Armas de Fogo tem se preocupado em apresentar em seus artigos a técnica de tiro, como posições e visadas, recomendações quanto à escolha desta ou daquela arma, deste ou daquele calibre e tudo quanto mais vemos em todas publicações do gênero. No entanto, apesar de considerarmos esses assuntos muito importantes, julgamos que deveria ser escrito pouco mais sobre as etapas que se sucedem numa situação em que haja necessidade da utilização da Arma de Fogo, o que denominamos NÍVEIS DE ALERTA.

Níveis de alerta nada mais são do que GRAUS DE COMPROMETIMENTO DA ATENÇÃO DE UMA PESSOA que se dispõe a andar armada e cuja completa compreensão pode decidir situações críticas.

Iniciemos com o nível O (zero), onde a dispersão de sua atenção é tão grande que, se você for atacado, só sairá ileso caso seu oponente não tenha habilidade com armas.

Já o nível 1 (um) é aquele em que todo cidadão armado deve estar, ou seja, atento às coisas e pessoas que o cercam. É o que denominamos tensão “soft” e que pode ser mantido indefinidamente.

No nível 2 (dois) você tenta detectar ameaças em potencial, atribuindo-lhes graduações e analisando eventuais abrigos, no caso da ameaça se concretizar. É o nível ideal, porém somente para pequenos períodos, pois é altamente estressante.

O nível 3 (três) é atingido quando você identificou a ameaça, sacou sua arma, procura um abrigo, pronto para responder a um ataque.

Com o nível 4 (quatro) , a situação é tão crítica que a você nada mais resta a não ser fazer uso da sua arma. Citemos um exemplo: você está passando por uma rua da cidade quando um indivíduo armado e altamente perturbado começa a efetuar disparos contra a multidão. Sua única alternativa é neutralizá-lo, pois desafios do tipo “renda-se”. “largue a arma” ou “pare, polícia”, seriam desastrosos.

Você pode argumentar que uma situação desta acontece em segundos e não haverá tempo para refletir sobre níveis de alerta. Certo?

ERRADO! Você está habituado, no seu dia a dia, a executar determinados procedimentos de maneira inconsciente, ou seja, aqueles que estão tão fortemente gravados em seu cérebro que se tornam automáticos. Os níveis descritos de forma “didática” também se sucedem EM UM INDIVÍDUO COM RELATIVO CONDICIONAMENTO, de forma automática.

Por isso, destacamos a necessidade de um planejamento prévio, global, que deverá ser colocado em prática conforme cada mudança de nível e que se adapte a situações que forem surgindo, além de constante treino.



O ABRIGO


É de igual importância o conceito de abrigo. Deve estar próximo a você, apresentar resistência a um impacto de projétil. Como exemplos, pode-se citar um automóvel, uma robusta árvore, um muro, uma banca de jornal, etc. O essencial é que ele proteja a maior área corpórea possível. Deve, ainda, ser utilizado de forma correta, de modo a expor-se o menos possível, principalmente quando houver necessidade de remuniciar a sua arma. No caso de se obter cobertura em um automóvel, deve-se lembrar de proteger as pernas, posicionando-se na direção das rodas e ter extremo cuidado em não expor a cabeça e o torso através dos vidros, sempre levando em consideração que, apesar do motor ser virtualmente invulnerável a qualquer calibre de Armas Curtas, certas partes de um carro não possuem tal característica.

Nos EUA, a preocupação com abrigo do policial de rua é tamanha, que as caixas coletoras dos correios oferecem proteção adequada, seja em tamanho, seja em resistência, a praticamente toda munição de Armas Curtas.

Porém, nem sempre é possível conseguir abrigo, quer por falta absoluta deste, quer por falta de tempo hábil (fator principal). Quando isso ocorre, deve-se tentar reduzir ao máximo a silhueta exposta ao oponente, protegendo órgãos vitais. Nós, particularmente, temos preferência pela posição “Weaver”. Várias outras posições são descritas em artigos de MAGNUM (veja Edição Especial número 5, capítulo “Técnicas de Tiro”).

Se houver perseguição ao agressor, em que este contorne uma esquina, jamais a vire abruptamente, pois o mesmo poderá estar aguardando-o pronto para o ataque. Ao alcançar a esquina, observe cuidadosamente o local. É melhor perder seu agressor do que ser surpreendido em uma emboscada. O mesmo vale se ele adentrar qualquer edificação da rua.

Outra função importante do abrigo é quando você depara com problemas tais como mau funcionamento da arma, gerado ou não por munição defeituosa, manutenção deficiente ou, ainda, por algum fator mecânico imprevisível. Para evitar que estes problemas ocorram, recomendamos que a munição seja trocada pelo menos uma vez por ano, que esteja livre de óleo e que sua arma sofra inspeção periódica, evitando que você se veja em apuros na hora de utilizá-la.

Uma maneira interessante de testar sua habilidade em administra uma falha na sua arma é simular panes durante seu treinamento, de preferência “contra o relógio”. É uma forma de avaliar suas reações e deixá-lo em condições de suplantar eventuais problemas.



DURANTE O TIROTEIO


Ao atingir os níveis 3 e 4, várias alterações ocorrem em seu organismo, entre elas a “visão em túnel”, a exclusão auditiva e a tensão muscular.

A visão em túnel é assim chamada porque você consegue focalizar somente a área de onde provém a ameaça, perdendo momentaneamente, sua visão periférica. Fatos que ocorrem paralelamente à ação dificilmente são registrados por sua mente. É necessário intenso condicionamento para suplantar tal fenômeno.

Outra alteração é a que os norte-americanos denominam de exclusão auditiva, ou seja, a percepção de sons como tiros, gritos, explosão, etc., fica tão diminuída que você fica, geralmente, incapaz de ouvi-los ou, pelo menos, não registrá-los em seu inconsciente. Houve casos em que experientes policiais, após descarregarem suas armas, continuaram a acioná-las por não terem percebido que a munição havia terminado, ou ainda casos nos quais, ao serem interrogados sobre quantos disparos teriam efetuado e acusavam número diferente do real.

A tensão muscular (tônus) é aumentada, fazendo com que a força empregada para empunhar uma arma ou acionar o gatilho seja maior que a necessária. Quando a arma é empunhada com excesso de força, a tendência é que haja tremor de mão (tetania) devido a
fadiga muscular. O acionamento do gatilho de forma violenta, a famosa “gatilhada”, provoca desvios laterais da arma, comprometendo a precisão do tiro. Cuidado especial deve ser tomado ao utilizar-se da pistola, pois esta possui, geralmente, gatilho mais leve e alta cadência de tiro, características que podem fazer com que haja um número de disparos maior do que o necessário.

Quando falamos em precisão, não nos referimos àquela esperada e obtida em estandes e sim com a preocupação de evitar tiros “perdidos” que, por oferecerem perigo de 1,7 km (aproximadamente), podem atingir um objetivo não desejável como transeuntes, por exemplo.

Um fato que se destaca é a distinção entre o tempo real e o tempo que se imagina Ter durado o tiroteio. Em outras palavras, a ação que se desenvolveu em segundos dará a você a nítida impressão de ter se arrastado por vários minutos, como se ela ocorresse em câmera lenta.

Outras alterações que podem ocorrer, variando de intensidade de indivíduo para indivíduo, como suor intenso, palidez, secura na boca, voz mais aguda que o normal, etc.

AO REMUNICIAR


Apesar das estatísticas norte-americanas (únicas disponíveis e de extrema confiança) afirmarem que os tiroteios urbanos ocorrem numa distancia média de 1 a 3 metros – jamais excedendo 6 metros, mesmo no interior de residência – sendo efetuados de 2 a 3 disparos, nem sempre a quantidade de cartuchos que sua arma comporta é suficiente para resolver a questão, principalmente se for com revólver, sendo necessário que você faça o remuniciamento. Esta é a ocasião em que você se torna mais vulnerável, se não tomar certos cuidados.

Primeiramente, utilize seu abrigo de forma correta, ou seja, de maneira a cobrir a maior área corpórea possível, tentando manter à vista o seu oponente, evitando assim ser surpreendido. Várias são as maneiras de recarregar sua arma em combate: no caso de estar utilizando um revólver, atente para a forma de ejetar os cartuchos vazios do tambor, mantendo o cano para cima com a mão direita, enquanto aplica com a outra um golpe seco sobre a vareta do extrator, evitando que algum estojo se aloje sob a estrela do extrator, fato que o deixaria em apuros (veja Edição Especial número 5, Capítulo “Revólveres, Tradição Especial”).

O uso de “speed” ou “jet loaders” (municiadores rápidos) é uma excelente opção, pois são de fácil manejo e o colocam rapidamente de volta à ação. Outra forma é a de repor somente dois cartuchos no tambor, o que evita que se perca tempo em completá-lo, podendo ser repetida conforme a necessidade. Com certa habilidade, você pode remuniciar seu revólver de dois em dois ou até de três em três cartuchos.

Já com as pistolas o processo é muito mais simples e rápido, bastando somente ejetar o carregador vazio e colocar um cheio, manobrando o ferrolho para que você esteja em combate novamente.

Para que tudo isso ocorra de maneira simples como foi exposto, voltamos a insistir no treinamento, onde você deve condicionar-se a portar arma e acessórios (carregadores ou municiadores rápidos) sempre nos mesmos lugares.

Quanto ao uso policial, além de “speed loaders”, carregadores sobressalentes ou qualquer outro meio rápido de remuniciamento, acreditamos ser a segunda arma (back-up gun) imprescindível. Deve ser pequena, confiável e colocada em local de fácil acesso, como num coldre de tornozelo, por exemplo. O policial deve, ainda, evitar mostrá-la em público ou comentar seu uso até mesmo com colegas. Pode ser sua última alternativa num confronto armado e o segredo é a melhor política quando a sua vida está em jogo. (A segunda arma deve ser de preferência do mesmo calibre da que você usa para facilitar o remuniciamento).

APÓS O TIROTEIO


Mesmo terminada a ação, alguns efeitos dessas alterações citadas podem perdurar por várias horas e, em certas pessoas, até por alguns dias, devido ao excesso de adrenalina produzida pelo organismo (que tem prolongada duração no corpo humano) e às reações provenientes de stress. Muitos sobreviventes desses combates, onde anularam seu opressor, relataram dificuldade em dormir ou sono muito agitado e acusaram Ter sentido um grande receio de que seu ato fosse reprovado pelos que os cercam, apesar de terem agido em legítima defesa.

Lembramos que, em caso de roubo, pode o meliante não estar sozinho e você acompanhado. Você deve avaliar suas condições de reação. Vale mais a pena a perda de seu patrimônio, inclusive sua arma, do que uma ação desastrosa. Caso não haja outra alternativa a não ser a consumação do roubo, memorize o maior número possível de informações, tais como características do(s) indivíduo(s), veículo (se houver) e sentido da fuga, comunicando imediatamente à polícia.

Consideramos de igual importância a análise do ocorrido, visando detectar e corrigir possíveis falhas que possam ter existido durante a ação.

Gostaríamos de ressaltar que uma das principais causas de insucesso num confronto armado é o despreparo de pessoas que acreditam que basta adquirir uma arma, pois muitos pagam com a vida tal imprudência.

Tome como parâmetro um carro que necessita de habilitação prévia. Assim, também, para o uso da arma, é indispensável um curso de tiro.

Porém, não é suficiente. Tais cursos (existem vários no mercado) são de iniciação, exigindo treinamento posterior constante que, apesar das aparências não é necessariamente dispendioso. Existem munições alternativas (cera, plástico, etc.) o tiro em “seco” e o tiro real, que pode ser em número reduzido, porém consciente.

Apesar das sugestões apresentadas neste artigo, – frutos de nossa experiência diária como policiais civis de São Paulo, assim como de outros colegas que se envolveram em ocorrência onde foi empregada força letal – na tentativa de fazer com que você saia com vida de um confronto armado, acreditamos que a cautela e a prevenção ainda constituam a melhor maneira de evitar que tais situações ocorram.


Texto de Luiz Petracco e Lúcio Petracco, Investigadores de Polícia da Delegacia de Roubo a Bancos e integrantes do Grupo Especial de Resgate – GER de São Paulo – Magnum – julho/agosto 1993. Ano VI número 34.

Escolta de Preso

Condução e Escolta de Sentenciados.



Durante o tempo que trabalhamos no DEOEsp diversas escoltas foram realizadas e todas com grande risco de resgate. Normalmente os sequestradores presos no interior eram trazidos para Belo Horizonte e quando o Juiz nos requisitava fazíamos a escolta até o interior. Pois foi exatamente isso que nos deu a experiência necessária para repassamos aos alunos da ACADEPOL/MG sobre esta perigosa missão.. A preocupação dobra quando se tratam de pessoas ligadas a quadrilhas bem organizadas. Em virtude disso, para segurança dos próprios policiais e evitar a possibilidade de um resgate, sempre eram mandados equipes em número bastante superior ao número de presos e em condições de rechaçar possíveis tentativas de resgate. O número grande de policiais e muito bem armados desestimula qualquer quadrilha que pense em atacar a escolta, já que eles não têm nenhum interesse em trocar tiros indefinidamente com a polícia ou outra instituição que se proponha a escoltar presos. Os marginais gostam de ter a superioridade e a surpresa em seus ataques, e vendo a possibilidade de um confronto acham melhor recuarem.

O trabalho de serviço de escolta é um trabalho extremamente perigoso, já que neste momento o bandido escoltado estará pensando em uma maneira de fugir e esta é a ocasião em que ele encontra-se menos guarnecido. Ali na escolta estariam de três a quatro agentes armados de revólveres e escopeta, enquanto na Penitenciária, além dos agentes existem os muros, cercas, cachorros, cercas elétricas, etc. Portanto, este momento da escolta é de extrema importância que os agentes estejam sempre em alerta sobre tudo o que passa a seu redor.

Imagine quando o carro-forte está em trânsito e para na porta de um banco para descarregar uma certa quantia em dinheiro. Qual é o posicionamento dos vigilantes? Eles ficam descontraídos? Ficam batendo papo? Com certeza que não. Todos estão permanentemente alerta, com a mão na arma e pronto para responder de imediato a qualquer ataque. Da mesma forma devem agir aqueles que atuam na escolta de presos porque a sua vida está correndo risco de vida, já que para resgatar o preso os seus comparsas não irão medir conseqüências para atacá-los e por isso não se deve permitir brincadeiras durante o trajeto, estando todos alertas para o que der e vier. Devem estar alerta para tudo que saia fora do normal. Um carro que venha sendo dirigido de forma estranha, cortando todo mundo, entrando na contramão, com vários ocupantes, ou seja, isso é estranho, portanto redobre a atenção e avise a todos os ocupantes o que você está observando. Uma moto com dois ocupantes que se aproxima perigosamente, cuidado, pode ser um ataque que a escolta irá sofrer. Não se distraia com pessoas que se aproximam para perguntar a localização de algum endereço ou pedir qualquer tipo de informação, pode ser uma forma de tentar distraí-lo.

Quando existe a possibilidade de uma transferência de preso sem que ninguém fique sabendo, nem mesmo o próprio preso, faça dessa forma para que ninguém seja avisado ou tome conhecimento, nem mesmo seus colegas de trabalho, devendo a escolta só tomar conhecimento do nome do preso bem como o destino somente no momento da saída para que não haja nenhum vazamento de informações.

No caso de escolta com data e horário pré-determinado pode ser que já haja por parte do preso comunicação com o exterior e seus comparsas já tenham sido avisados e estejam preparando um resgate. Todo cuidado é pouco, tanto durante o trajeto como da chegada ao local e o seu retorno. A qualquer momento pode ser consumado um ataque e todos, independente de quem esteja chefiando, devem estar em permanente alerta a situações que saiam fora do normal. É importante que um dos agentes da escolta faça um levantamento inicial ao chegar no local de destino, ou seja, os demais permanecem próximos a viatura em alerta máximo com o preso dentro do cômodo de preso, enquanto um vai até o consultório médico, ou hospital e verifica se tudo está normal. Estando normal dá o sinal para os demais colegas que somente neste momento adentram o local definido não se descuidando também da viatura quando alguém deverá ficar vigiando-a caso esteja em um local sem segurança. É comum acontecer ataques quando da ida de presos a hospitais e dentistas ou outros locais assemelhados.

O Chefe de Equipe deverá ao ser avisado da escolta, providenciar imediatamente um perfil do preso a ser escoltado onde verificará a sua ficha e os crimes que cometeu. Pelos artigos em que o mesmo está incurso verificará a periculosidade do mesmo e diante disto tomará providências quanto ao aumento do número de agentes na escolta bem como de um armamento reforçado.

O preso ao ser retirado da cela será submetido a uma busca pessoal minuciosa para evitar que o mesmo saia com algum objeto que facilite a abertura das algemas e mesmo saia com algum tipo de arma que conseguiu adentrar nas celas. Após a busca, algemá-lo de acordo com as técnicas recomendadas, ou seja, com as mãos para trás do corpo e se entender necessário, passando uma das argolas das algemas por dentro do cinto, e com isto impedindo que o mesmo passe os braços pelas pernas e fique com as algemas para frente, possibilitando daí um ataque aos agentes. No retorno, da mesma forma, busca pessoal minuciosa antes de colocá-lo dentro da cela.

O Chefe de Equipe deve escolher bem seus comandados observando os quesitos de coragem pessoal, honestidade e habilidade para trabalhar em grupo para que não aja traição de nenhum deles no transcurso de seus trabalhos.

Cuidado com pequenas batidas no veículo de escolta pois pode ser proporcionado pelos membros da quadrilha do preso que aproveitam esta oportunidade a fim de aproveitar a oportunidade de um ataque. Caso isso venha a acontecer, descer de imediato do veículo de arma em punho pronto para o ataque protegendo-se e visualizando o que realmente está acontecendo. Cuidado com precipitações, pois colisões de veículos não são raros de ocorrer e por isso cuidado para não fazer disparos de medo, atingindo pessoas inocentes. Deve-se estar alerta, mantendo a calma e a tranqüilidade para não cometer abusos.

Cuidado com engarrafamentos de trânsito devido a uma batida grande ocorrida mais à frente, quando então o veículo da escolta ficará preso no trânsito. Pode ser uma armadilha. Da mesma forma sair do carro armado e prestar atenção no que ocorre a sua volta não permitindo que pessoas aproximem-se do seu veículo, afastando-os educadamente mas de forma enérgica. Verifique locais onde possa proteger-se caso ocorra um ataque. Caso esconda-se atrás de um veículo procure locais onde realmente fique protegido, junto ao motor, rodas, ou seja, utilize-se de todos obstáculos naturais e artificiais (árvores, monumentos, postes, veículos, muros, etc.).

No momento em que você vai retirar o preso do cômodo de preso da viatura ele sai correndo. Qual atitude tomar? Atirar para impedir a sua fuga? Correr atrás? Se você não está sendo colocado em perigo, NUNCA atire no preso, tente recapturá-lo. Preste atenção: todas as vezes que você estiver exercendo a sua função, caso tenha dúvida que atitude tomar, tenha o BOM SENSO, ele na maioria das vezes resolve praticamente tudo. Por mais perigoso que seja o bandido, aja sempre dentro da lei, por isso mantenha-se atualizado, exija que seus superiores hierárquicos proporcionem-lhes cursos na área de Direito, principalmente no item “excludentes de ilicitude” que estuda a legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito, estado de necessidade bem como na área de tiro, que deveria ser de três em três meses voltando a Academia da Polícia Civil.

Condução do preso:

O Agente Penitenciário que trabalha na escolta de presos deverá alertar seus superiores quando entender que uma escolta menor, em determinados casos envolvendo presos perigosos, deverá ser acrescida de tantos quantos se fizerem necessários para o bom andamento do trabalho bem como para minimizar o risco que todos correm caso venha a ocorrer uma abordagem para resgate.

Caso tudo isso que falamos sobre estar sempre alerta venha a falhar e haja um resgate, comunicar-se de imediato com a Polícia Civil e Militar requisitando testemunhas que tenham presenciado o fato pois será sobremaneira importante na defesa da equipe quando estiver respondendo a um inquérito policial ou administrativo sobre a “fuga do preso”.




Elson Matos da costa
Delegado Geral de Polícia
Masp 220 154-9

CQB - Combate em Ambientes Fechados

EMBATES EM AMBIENTES FECHADOS

O PERIGO ENTRE PAREDES


Revista Hunter – Por Iranil dos Santos e Itamar dos Santos



Os confrontos em ambientes fechados, conhecidos internacionalmente pela sigla CQB (Close Quarter Battle), são responsáveis por um expressivo número de policiais mortos em serviço. Algumas dessas baixas têm por causa o descaso do próprio policial, que não dá a devida importância ao que assimila em treinamento desenvolvido na academia de polícia.

Os internacionalmente conhecidos “Close Quarter Battle” (CQB ou CONFRONTOS EM AMBIENTES FECHADOS) são responsáveis por um grande número de policiais mortos em serviço, sendo certo que quase sempre essas baixas têm como causa o descaso do próprio policial, que não dá a devida importância para esse tipo de situação, uma vez que tem o conhecimento de que grande parte de seus colegas chegou a aposentadoria sem maiores problemas. Esses acabam surpreendidos quando menos esperam.

Para evitar que isso ocorra é extremamente importante atentarmos para algumas táticas que freqüentemente são utilizadas com êxito na vida real.

Operação de busca

É com grande freqüência que policiais acabam tendo que realizar buscas e localizações de marginais em áreas internas, sendo que em quase todas essas oportunidades os delinqüentes têm em seu favor inúmeros fatores que os favorecem. Questões como a falta de cobertura ao policial, o pequeno espaço dos cômodos, a ignorância acerca da planta do local, a possibilidade de emboscadas e tantas outras adversidades tornam o trabalho de busca uma das mais arriscadas atividades policiais.



Postura
O primeiro ponto a ser abordado é o que diz respeito ‘a postura do policial quando em meio a uma busca interna. Comumente toma-se uma postura defensiva, por exemplo, deixando a arma dentro do coldre ou, quando fora deste, mantendo-a apontada para baixo aguardando o momento certo de reagir. Adotando uma postura como esta dificilmente o policial terá tempo de reagir a uma agressão armada. Assim sendo, o correto é adotar uma postura ofensiva que permita uma reação imediata. O policial deve manter a arma fora do coldre, na altura dos ombros e direcionada a frente, na posição Weaver ou Isósceles, de acordo com a melhor adaptação. Utilizando esta postura, o policial poderá aplicar a tática chamada “Terceiro Olho”, que lhe permite olhar para todos os lados com a certeza de que sua reação será imediata, uma vez que a arma acompanha o foco de visão do policial.

É importante salientar, que ao passar por vãos e aberturas, o policial deve recolher a arma junto ao corpo para que ela não lhe seja arrancada das mãos por um oponente escondido do outro lado.

Movimentação

Quando no interior de um prédio, o policial deve movimentar-se com extrema cautela e silêncio, pois um ruído qualquer poderá denunciá-lo a seu oponente.

Ao atravessar corredores e salões poderão ser encontradas inúmeras portas. Abri-las sem se certificar do que existe por trás é extremamente perigoso.

Se possível, o policial deve manter-se constantemente protegido por qualquer tipo de escudo ou barricada, não se movimentando de forma que cruze as pernas, pois isso poderá faze-lo perder o equilíbrio.

Existem locais dotados de vigas e alçapões, onde o delinqüente pode se espreitar e armar uma emboscada. Por isso, deve-se evitar usar bonés ou chapéus de abas largas, que impossibilitem a visão superior.

Um dos momentos mais críticos em uma varredura interna é aquele que antecede a entrada em algum aposento, sem que se saiba o que há lá dentro. Não é aconselhável que se façam às conhecidas “entradas dinâmicas”, usualmente empregadas por forças policiais especializadas como a SWAT (Special Weapons And Tatics) norte-americana.

Existem técnicas que melhor se adequam ao serviço policial de rotina, como a “Quick Peek” (Rápida Espiada) e a “Israeli Sweep” (Varredura Israelense). A primeira é uma técnica onde o policial deve se posicionar atrás de uma parede que ladeie a entrada; olhar rapidamente para dentro do aposento jogando parte da cabeça para fora da proteção (parede) e retornar o mais depressa possível. Trata-se de uma técnica que possibilita a obtenção de uma visão completa da área a ser adentrada, sem dar tempo de reação ao oponente. É bom salientar que o policial deve aplicar essa técnica agachada, pois em caso de um eventual disparo por parte do delinqüente, o tiro passará por cima da cabeça do policial. Se for necessário repetir a operação, deve-se mudar de posição (se em um primeiro momento o policial esteve agachado, num próximo deverá ficar de pé).

A tática “Israeli Sweep”, também conhecido como “Slicing the Pie” (Fatiando a Torta), também é muito eficaz para se obter uma visualização do local a ser penetrado. De acordo com ela, o policial deve se utilizar do “Terceiro Olho”, aproximando-se lentamente, rente à parede, até cerca de um metro do local a ser vistoriado. Em seguida, o policial deve afastar-se da parede e procurar visualizar, passo a passo, a área interna do aposento, aumentando seu ângulo de visão até obter a completa varredura do local. É um processo mais lento, que permite ao policial retornar a sua posição de origem em caso de um sinal de perigo.

Entrada

Após obter a completa visualização do local, o próximo passo é entrar no aposento.

Existem dois métodos comumente utilizados pelas polícias internacionais: o “Israeli Limited Entry” (Entrada Limitada Israelense) e o “Criscross” (Entrada Cruzada).

Pela primeira tática, a entrada se assemelha a “Quick Peek”, uma vez que expõe muito pouco o corpo do policial. No entanto, depois que se projeta o corpo para dentro, não deve haver a mudança de posicionamento, como na técnica de “Rápida Espiada”. Já a técnica “Criscross”, mais utilizada e eficaz, deve ser realizada em dupla, de modo que cada um dos integrantes se aproxime até a abertura, por lados diferentes e execute uma busca visual por qualquer dos métodos antes descritos. Após a varredura visual, ambos entram no recinto rapidamente, cruzando-se entre si e assumindo uma postura ofensiva com as costas junto à parede do aposento invadido. É necessário frisar que esta não é uma técnica adequada para quem deseja entrar em corredores ou outros locais que não possuam paredes internas, ladeando a cobertura.

Corredores e Escadas

Corredores e escadas são os locais que representam maior perigo aos policiais em um combate em ambiente fechado, pela falta de uma rota segura de fuga. É possível apenas movimentar-se para frente e para trás, criando o chamado “funil fatal”, que propicia um excelente palco para uma emboscada.

Quando se faz necessário entrar por um corredor, deve-se faze-lo o mais silenciosamente possível e com toda rapidez até alcançar o seu final.

Em escadas, é sempre mais fácil combater de cima para baixo, pois se perde muito menos tempo descendo uma escada do que ao subi-la. Além do mais, o policial poderá fazer com que o marginal tenha uma via de escape, proporcionando a sua captura por outros policiais que eventualmente estejam do lado de fora do prédio. Subindo, o policial irá encurralar o oponente, forçando-o a enfrenta-lo. Assim sendo, em havendo opção, o policial deve realizar a busca descendo a escadaria.

É importante salientar que muitas escadas possuem cortes de ângulos retos, o que dificulta a visualização do que está por trás. Desta forma, faz-se mister utilizar as técnicas já descritas para se operar com maior segurança, devendo-se sempre manter a arma como o seu “Terceiro Olho”.

Calibre 12

Calibre 12


Um dos momentos mais agradáveis para os amantes de armas brasileiras que deixou satisfeitos a todos, com a indústria nacional, foi o lançamento das espingardas CBC 12 Pump há alguns anos. O R-105 sempre permitiu a fabricação e venda de espingardas de cano liso em qualquer calibre e tipo de ação, mas um longo tempo foi necessário até que surgisse um produto consistente. Agora, houve a liberação das espingardas Pump para as firmas de segurança tanto para uso dentro dos carros forte, como em outras aplicações.

Em diversas competições de Tiro Prático, durante 1993, a CBC se fez presente com stages, somente com alvos metálicos, para a espingarda. Qualquer um que atira com uma espingarda 12 com coronha em seqüências rápidas de 8 tiros acaba ficando um pouco receoso do coice, principalmente se a arma não estiver apoiada no ombro com firmeza. O que esperar da Pistol Grip? Mais coice? Vai torcer o pulso^? Vai quebrar a mão? Vai ficar tudo doendo? Dá realmente para atirar? E como! Como dá para atirar! E ainda por cima é mais confortável do que com a coronha de madeira. O coice é desprezível e nenhuma das 10 pessoas que a usaram no teste teceu qualquer reclamação a respeito. De qualquer forma, deve-se segura-la firme.

Mas por que ocorreu isto. É simples. Um desenho absolutamente correto do Pistol Grip, num ângulo perfeito para o tiro instintivo aliado ao uso de borracha ao invés de madeira. O Pistol Grip é macio, mas firme, provavelmente absorvendo boa parte da energia do recuo. Usamos três tipos de munições: 3 T com 32 balins calibre .20 pol., SG com 9 balins de .35 pol. E a de Alto Impacto com um balote. Por terem a mesma carga de pólvora e quase o mesmo peso de chumbo, não se nota diferença no recuo. Por isso, em estandes com restrições de pára-balas como os de diversas empresas de segurança, pode-se tirar proveito do treino com munições menos penetrantes como a 3 T ou chumbo mais fino e ainda assim usar cartuchos mais pesados em operações sem que haja problemas com alteração de visada ou ponto central de impacto.

Essa é uma das boas características das espingardas: poder variar a munição de acordo com o tipo de operação e ambiente onde será realizada. Outra é o de se adequarem à defesa residencial. É mais potente que as armas curtas, possuindo grande poder de intimidação e impacto. Mas o melhor aspecto em se escolher uma espingarda ou carabina como arma para a casa ou sítio, é o fato de que dificilmente você pegará uma arma destas para ir até a esquina comprar cigarros. Optar por uma arma longa em casa, é ter certeza de que ela ficará lá e não será portada ilegalmente. Por ai. Vamos acertar uma coisa de uma vez por todas: estas espingardas não são escopetas. A escopeta é uma espingarda de cano liso com um ou dois canos cortados bem curtos num cumprimento ilegal. Ou seja falar de “escopeta” é falar de uma arma ilegal. Falar de “espingardas” é falar de armas legais.

A idéia do uso de balins é antiga tanto para a caça quanto para o combate. As armas de fogo eram originalmente de cano liso. A raiação foi criada por volta do ano de 1500, mais de 150 anos depois de haver uso generalizado de armas de fogo. Essas armas antigas eram intrinsecamente imprecisas e uma carga de balins facilitava o impacto em alvos móveis e aumentava a eficiência a curtas distâncias. O cartucho de fogo central para balins, data de 1851, criado na Inglaterra e os balins de formato e peso regulares foi produzido no mesmo país desde 1769.

A confusão sobre o que é calibre 12, 36, 24 etc. vem de mais de 500 anos mas é um sistema simples de entender: denominar o calibre 12, significa que uma bola de chumbo que entra perfeitamente no cano, pesa 1/12 (um doze avos) de libra, ou seja, uma libra de chumbo proporciona 12 bolas de chumbo de diâmetro do cano. Calibre 36 – são precisas 36 bolas de chumbo do diâmetro do cano para completar uma libra de chumbo. Coisa de inglês como a pontuação do tênis (15, 30, 45 e game!)... A exceção moderna é o .410 que é 410 milésimos de polegada – calibre .41.

Os slugs, ou balotes, foram criados durante a II Grande Guerra para substituir a imprecisa bola única d chumbo que ainda era usada. O balote parece um chumbinho de ar comprimido supernutrido e têm um alcance útil de até 120 metros. Para a precisão a longas distâncias é preciso que a arma tenha miras bem reguladas. Só se deve usar balotes em canos cilíndricos. A maioria das espingardas comercial tem canos com choke, afunilados para permitir um agrupamento maior dos balins para a caça. Nunca use balotes nestes canos” Pode-se esperar agrupamentos de 10 polegadas a 100 metros. Para as cargas de balins, não se deve esperar resultados efetivos a mais de 25 metros. Não existem raias. Os balins intencionalmente não tem o mesmo peso e formato. Assim, ao deixar o cano, cada um deles segue uma trajetória diferente, permitindo que o chumbo espalhe. Como os balins não são estabilizados, eles dependem somente da energia que carregam para perfurar quando atingem o alvo.

O uso indicado para espingardas é nos cenários de curta distância onde sua eficácia e poder de choque são tremendos. Cenários típicos de segurança. Os balotes penetram as latarias de veículos com facilidade ainda possuindo energia para causar severos danos tanto à parte mecânica quanto aos ocupantes. O chumbo SG também penetra bem, mas o 3 T pode ser que não consiga. Em compensação, ele é muito eficiente em ação antipessoal à curtas distâncias, algo como tomar 30 tiros de .22 ao mesmo tempo! Uma olhada nos alvos do teste mostra claramente a dispersão dos balins à curtas distâncias.; Alvos colocados a partir da linha dos 15 metros são complicados para o tiro instintivo. Mesmo assim, durante o teste, apenas dois disparos não atingiram o alvo nesta distância, demonstrando a excelente apontabilidade da arma com Pistol Grip.

Dentro de um carro-forte essa espingarda é bem mais agradável do que a com coronha, proporcionando facilidade para atirar pelas seteiras e para entrar e sair do veículo. Nem o cano pode ser cortado (isso é ilegal), nem se pode usar carregadores estendidos pois é preciso passar o cano pelas seteiras para atirar. A arma tem capacidade para 7 cartuchos no carregador e é uma temeridade conduzi-la dentro de um veículo blindado com mais um na câmara. Os cartuchos iniciais devem ser balotes para penetrar em veículos que estejam tentando abalroar o carro-forte. As distâncias são muito curtas de um metro a ate dois metros. Mas quando a tripulação sai do carro para a coleta, as distâncias aumentam bastante, podendo chegar a mais de 25 metros, tornando muito difícil acertar com tiro instintivo. E se não acertar, vai haver balotes e balins voando para todo o lado. Uma boa opção é carregar com 3 cartuchos SG e depois com 4 Alto Impacto. Para disparar a ordem é inversa: primeiro saem os de Alto Impacto, depois os SG.

Com a abertura deste novo mercado, certamente a CBC vai rapidamente oferecer uma versão com coronha dobrável e Pistol Grip, tornando a arma perfeita tanto para dentro quanto para fora dos carros. Essa fórmula é antiga e adotada desde o tempo da Cavalaria à cavalo... Gostaríamos de agradecer a CBC pelo pronto envio de duas espingardas e farta munição para o teste e ao 24º BIB no Rio de Janeiro pelo uso do seu estande. Durante o teste, vários oficiais de Infantaria puderam experimentar as armas, ficando satisfeitos com seu manuseio e precisão de tiro. Um dos aspectos mais relevantes deste projeto da CBC é a segurança com que estas espingardas podem ser desmuniciadas. A regra geral para uma Pump, é acionar a bomba e passar todos os cartuchos do carregador pela câmara e ejeta-los. Nas CBC, aciona-se a bomba uma só vez, quando é ejetado o cartucho que estava na câmara e liberado o primeiro do carregador. Em seguida empurra-se a plataforma de municiamento para dentro e aperta-se a “tecla desmuniciadora”. A cada apertão dois cartuchos são ejetados do carregador, de forma incrivelmente segura.



Tiro Sport – Ano I – nº 2 – 1994 - José Roitberg, Lauro Martini e Alberto Eduardo