quarta-feira, 21 de março de 2012

OCUPAÇÃO DA FAVELA DA ROCINHA

Elson Matos da Costa, Delegado Geral de Polícia, chefiou o DEOEsp – Departamento Estadual de Operações Especiais e atualmente é Coordenador/Professor de TAP – Técnicas de Ação Policial da ACADEPOL/MG – Academia de Polícia Civil de Minas Gerais.

A ocupação da Favela da Rocinha completa a 19 UPP – Unidade de Polícia Pacificadora – no Rio de Janeiro e com isto o governo carioca espera trazer tranqüilidade e paz aos seus moradores. O planejamento utilizado desta vez foi a de cercar por alguns dias antes as entradas e saídas da comunidade e colocar os marginais em dificuldades já que não podiam se movimentar livremente fora desta localidade. Prestes a serem presos começaram a procurar todas as formas de sair do cerco inclusive corrompendo policiais. Diversos deles foram presos em um comboio que tinha como seguranças policiais civis e militares. O Serviço de Inteligência das forças policiais conseguiram monitorar vários traficantes e com isto antecipar as suas ações impedindo que estes fossem se esconder em outros locais e ali aterrorizar outras pessoas.

O chefe dos traficantes, Antônio Bonfim Lopes, o “Nem da Rocinha” também se viu na mesma situação os seus comparsas e se escondeu em um porta malas de um carro escoltado por quatro homens. O veículo foi parado por uma blitz da PM do Batalhão de Choque onde os passageiros do carro se apresentaram como pertencentes ao consulado de Angola e também como Advogados e que o veículo sendo um carro diplomático não poderia ser revistado. Como não apresentaram nenhuma documentação que comprovassem ser os mesmos do consulado foram levados para a sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Foram oferecidos aos policiais inicialmente R$ 20.000,00 e posteriormente R$ 1.000.000,00. Desconfiados de que realmente havia alguma coisa errada os policiais, ainda na rua e antes de chegar na sede da PF solicitaram a presença de um Delegado da PF no local e ao revistaram o carro para surpresa de todos encontraram o bandido mais procurado do estado escondido no porta malas. Todos receberam voz de prisão.

O que podemos visualizar nesta ocupação é o trabalho de integração dos Serviços de Inteligência da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal convergindo para um trabalho que culminou na prisão dos mais importantes integrantes desta quadrilha. O que não queremos ver, apesar da importância do trabalho efetuado é a chamada “prisão espetáculo” mesmo porque o crime não foi debelado, foi sim e muito minimizado. Muito ainda se tem a fazer. A função dos integrantes da segurança pública é proteger a todos, inclusive os marginais depois que estão dominados e não mostrá-los como um troféu de guerra. Mas é claro que é justificada a alegria dos policiais após uma importante prisão como esta acontecida na quarta-feira a noite no Rio de Janeiro. Estes mesmos policiais são aqueles que deixam suas famílias em casa, muitas vezes sem as melhores condições de subsistência para protegerem a sociedade. Para isto precisam ser muito bem pagos e não passarem para o outro lado como vimos nestas operações assim como vimos àqueles que são ciosos de suas obrigações e que nos dão muito orgulho.

A comunidade da Rocinha espera que a ocupação seja pacifica e não haja nenhum tipo de confronto colocando em risco a vida de milhares de pessoas honestas que ali habitam sendo a sua grande maioria. Que estas mesmas pessoas que ali estão indo para levar a paz e a tranqüilidade não se tornem os algozes como já ocorreu num passado recente. A população precisa acreditar nas instituições desde que ela, através de seus policiais dêem o bom exemplo tratando a todos com dignidade e dentro da legalidade e proporcionalidade.

Como o poder público ficou ausente durante anos destas localidades é preciso que ele ocupe o seu devido lugar levando além da paz os serviços essenciais como saúde, segurança, lazer, educação, profissionalização. É evidente que o tráfico de drogas, enquanto tiver o consumidor, nunca irá acabar, mas pelo menos trará com certeza melhores condições para todos os habitantes desta comunidade que não ficará a mercê dos bons humores daquele que assume a chefia do tráfico.

Estes fatos ocorridos no Rio de Janeiro nos trazem também um bom exemplo que deve ser seguido por todas as polícias do país com a prisão dos maus policiais e dando-lhes o destino que merecem. Serem companheiros de cela daqueles com quem se coligaram.

Elson Matos da Costa

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