POLICIAL DE FOLGA
Elson Matos da Costa, Delegado Geral
de Polícia. Coordenador/Professor da ACADEPOL/MG na disciplina de TAP –
Técnicas de Ação Policial. Segundo Período de Jornalismo.
Na
madrugada desta segunda-feira, (18/06) dois militares foram baleados na cidade
de Contagem no momento em que se encontravam dentro de um bar. Os dois estavam
de folga quando foram surpreendidos por um homem que atirou nos dois, o cabo Anderson, lotado no 33º Batalhão da PM, e o
sargento Matias, da 1ª Companhia de Missões Especiais sendo que o primeiro
recebeu um tiro no peito e outro no abdômen. O cabo se encontra em estado grave.
Além deles o dono do bar também recebeu um tiro na perna.
O
que isto tira de lição para todos os policiais, sejam eles militares, civis, federais?
Ao contrário do que pensam muitas pessoas o policial necessita andar armado
durante as 24 horas do dia, não importa o local aonde vá. Sempre será possível
se deparar com aqueles que um dia por ele foram presos. O policial fatalmente,
devido a sua atividade constante, se esquecerá daquele que prendeu, mas o
marginal nunca, sempre se lembrará daquele que cometeu uma “injustiça” com
aquele coitado levando-o a prisão apenas porque cometeu um “pequeno”
latrocínio.
Andando
armado estará ele a salvo de possíveis emboscadas? É claro que não. Além de
estar armado, preparado para defender a sua vida ou a de terceiros ainda terá
de estar atento ao que acontece nas proximidades. Estamos vendo em São Paulo o aumento de
ataques aos restaurantes onde um bando armado invade o comércio e assalta a
todos que ali se encontram. O policial estando neste local com a família terá
que tomar muito cuidado se pensar em reagir. Colocará
a esposa e filhos em perigo com sua reação?E os demais fregueses e funcionários?Isto
tudo terá que ser pensado. E caso seja descoberta a sua identidade o que poderá
ocorrer? São pensamentos que devem estar sempre presentes, repito, 24 horas, na
vida do policial.
Caso
tome a decisão de reagir a um assalto ou no caso dos dois policiais acima citados
a uma emboscada, os mesmos devem estar alerta sobre quem entra, sai,
levanta-se, circula pelo ambiente. Procurar um local onde possa avistar tudo o
que acontece dentro do ambiente deste comércio e não perder os reflexos durante
o tempo em que ali permanecer e no trajeto para casa. Qualquer lugar poderá ser
usado para a ação de marginais, mesmo quando estiver chegando a casa e entrando
na garagem com o carro. Todo cuidado é pouco.
A
sua arma deverá estar sempre ao alcance das mãos e fácil de ser sacada caso
precise fazer uso dela imediatamente. Arma dentro de bolsa, polchete ou no
carro enquanto estiver no restaurante não lhe ajudará em nada. O treinamento também
é muito importante porque lhe ajudará a tomar as decisões mais adequadas ao
momento de extremo estresse em que o policial estará. Sempre se lembrar que
deverá se abrigar antes de anunciar o “POLÍCIA, JOGUE A ARMA NO CHÃO” ou devido
as circunstancias já iniciar os disparos onde a sua vida e de terceiros estejam
correndo risco imediato. O abrigo deverá
proporcionar segurança, como uma pilastra grossa de cimento, um freezer cheio
de garrafas, balcão de cimento, etc. Desta forma mesmo que o policial erre os
primeiros tiros e haja reação por parte do (s) marginal (is) ainda assim estará
em condições de continuar a se defender. Isto irá demorar poucos segundos já
que os marginais não querem ficar indefinidamente em um local onde encontraram
resistência e que reforços policiais podem estar chegando. Desta forma tentarão
sair desta situação o mais rápido possível. É preferível neste caso específico,
deixar um local de fuga para que assim termine o terror para as demais pessoas
que se encontram no restaurante, por exemplo. Posteriormente os mesmos serão
identificados e numa situação mais confortável virem a ser presos.
O
importante é que o policial esteja sempre atento ao que acontece à sua volta e
evitar locais onde possam encontrar surpresas, assim deixar de freqüentar a
noite é uma das sugestões. Outra é que faça reuniões na própria casa ou de
colegas de serviço evitando se expor demais e assim ter surpresas desagradáveis
que colocam em risco a integridade física do policial, de sua família e demais
inocentes que estejam em
volta. Quando um policial tomar uma decisão de confrontar os
marginais é porque entende que a sua vida está correndo um sério risco ao ser
descoberto por se tratar de um agente da lei e aquelas pessoas vieram até
aquele local exatamente para executá-lo. Ao entrar em um local pense sempre na
possibilidade de algum ataque e já trace suas estratégias caso isto viesse a
ocorrer. Não seja apanhado de surpresa. Pense e aja sempre na frente e
dificilmente será pego.
O
fato ocorrido nesta madrugada com os dois militares na região metropolitana de
BH apesar da tristeza do acontecimento serve para que possamos pensar sobre o
assunto e não sejamos
envolvidos numa ocorrência deste tipo. Todos estamos sujeitos a nos tornarmos
vítimas deste tipo de ação criminosa. Assim precisamos nos precaver.
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